quinta-feira, 30 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Falando Sério



Não estou brincando, não.
Falando Sério não é nome de música romântica, não.

Eu fui convidado pelo Aureliano para escrever nesse blog, porque não sou do tipo que fala por falar.
Tá bom, eu sei, as aparências enganam!
Por isso quero compartilhar, um outro olhar que costumo ter, a respeito do que me cerca.

Um amigo espirituoso, se auto intitulava estar no lado “gauche” da vida.
Eu secretamente me sentia mais “gauche” do que ele, ainda que na época não fizesse o menor sentido dizer isso para ele.
Mas comprovei isso em teste jornalístico no saudoso JB.
Já tive Fiat 147 enferrujado.
Já passei férias em Cuba.
Já usei barba afirmativa.
Já fui à reunião política onde todos os homens, sem exceção, usavam barba (aí achei um saco ser mais um, no meio de todos e nunca mais compareci).
Já chamei muuuiiitttoooo a paixão da minha vida de companheira.
Já andei na direção contrária só porque todos andavam em outra direção.

Posso contar dezenas de situações em que me vi pensado diametralmente diferente de quase todos à minha volta.
Já me vi tão deslocado que queria desaparecer.

Pois é, tenho sobrevivido e tento não ser insuportável como o Diogo Mainardi, que odeio, mesmo quando fala mal do Chico Buarque.

Pois é, falando sério odeio também a imprensa do oba-oba, contra ou a favor.
Odeio os puxa-sacos.
Odeio a mesmice.

E estou sempre atrasado no tempo.
Eu gosto dos Rolling Stones
A propósito não sou pró PSOL, mas gostei do programa deles de hoje no meio do JN.
Fazer o quê...
Elme Bastos é um pouco auto centrado, fazer o quê!

domingo, 26 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Eu era neném, não tinha talco ...


Assim como o Simonal, mamãe passou açúcar em mim.
O retrato que publico, simboliza meu lado musical, minha descontração e elegância e reforça minha incrível semelhança com o Antonio B. .
Sinto que aos poucos os leitores desse blog, vão me conhecendo melhor.
Na última quinta-feira, estive circulando no centro nervoso do Rio de Janeiro.
Dei um tempo no “Antigamente” entre 18 e 19 horas e o comentário em muitas mesas era o mesmo...
Olhaaaa! Aaaalllliiiiii! É o Elme Bastoooosss!
As mulheres com aquela indiscrição que lhes é peculiar quando estão em bares bebendo, olhavam todas, em minha direção ao mesmo tempo!
Tenho um olhar de MONALISA enigmático, meio de lado, muito adequado, para essas situações.
Apliquei-o, portanto, enquanto saboreava os primeiros degraus da fama.

A propósito, uma leitora recentemente me prestou uma homenagem comentando e cantando:
Elme amo!!!
Elme adoro!!!

Desde então eu me vejo cantando, sem mais nem por que:
... eu não consigo, viver sem mim!!!!


Elme Bastos, para quem ainda não sabe, é autocentrado e sem noção!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aureliano Mailer aconselha: Leitora Insegura que comprou Animal de Estimação em sex shop



Primeiramente, quero lhe dizer que nós, homens, não gostamos de concorrência!
Ficou claro?

Continuo, só para esclarecer, que a sua amiga loura ou é muito espirituosa ou deve ter mijo na cabeça!
Diz pra ela que Criado Mudo é onde a avó dela guardava o penico, ao lado da cama.

Querida, você tem posses?
Então aceite a aproximação de outro canalha, vai se fácil.
Se quiser, lhe apresento vários amigos ...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Leitora insegura manda outra carta para Aureliano


Querido Aureliano seu jeito franco e direto pode me tirar do buraco em que me encontro...
Meu namorado estava me enrolando há meses.
Até aí nada demais não era a única.
Cinco em cada oito amigas solteiras passam ou passaram por isso.
Das três que sobraram, duas resolveram juntar os trapos.
E última mente, descaradamente, entende?

Pois bem, ele me aprontou mais uma.
Tirou férias e viajou, em período que eu não podia ir com ele.
Disse que foi sozinho.

Só que eu desconfiei dele, entende Aureliano?
Na viagem, as fotos que ele me mostrou ou foram de paisagens ou ele estava sozinho, sorrindo escancarado.
Nessas prestei muita atenção na sombra de quem o fotografava.
Em muitas delas, era visível que a sombra tinha cabelos compridos.
E a mesma sombra, esteve em várias cidades diferentes fotografando ele, Aureliano!
Fui pressioná-lo e aí, além de negar, ele começou a dizer que eu estava pegando muito no pé dele.

Enchi o saco!
Comprei um animal de estimação.
Numa sex shop!
Nunca me senti tão poderosa!
Uma amiga minha loura deu até apelido para o bichinho: Criado Mudo!
Você acha que estou certa?
Aureliano é mau humorado e macho paca, às vezes publica cartas que recebe e às vezes comenta.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Você ... precisa saber da piscina!



Fui viajar a trabalho.
Como de hábito, de ônibus.
Às vezes durmo, às vezes cochilo.
Dessa vez fui zapeando meu Ipod.
Atualmente, são quatrocentas e tantas músicas
Quase todas tendo muito a ver comigo
Outras, tendo muito a ver com amigos que me passam seus arquivos ou emprestam seus cd´s.
E lá fui eu, a duzentas milhas daqui ...
Fui mais longe que Djavan, portanto.
Que esteve a dezenas de milhas daqui...
CENTENAS DE MILHAS! - me corrigirão!

Pensei muito nos meus amigos, na minha mulher, na minha vida.
Pensei que a vida da gente é um mosaico de coisas,
E de músicas e de letras.

“Como que será o amanhã, responda quem puder”
Fiquei com pena de quem ainda não cantou no banheiro:
“Beibiiii, beeeibiii, aaai lóóóviúúú...”
E para os que foram a Macaé de Cima vou puxar um côro:
“Môôôççççááááá......”
Sacaram a importância de "saber da piscina"?

“Sentimental eu soôôuuu...êêêêuuu soôôuuu aaaaááááÁÁÁSSS I I I IM M M!!!”

Elme Bastos é autocentrado, por isso faz questão de publicar seu retrato, ao lado do texto.
Diz que o Aureliano é amigo dele.
Diz que o Rogério também é mas, no caso, anda sumido.
Diz que o Ricardo também é mas, no caso, está na “térinha” com a “filinha” ...
Diz que... (mas ele fala demais, gente!)

sábado, 18 de julho de 2009

Elme Bastos Comenta: Make rugas, not Botox!


Tem muito bottox em Ipanema!
Tem muita plástica em Ipanema!
Tem muita botocuda em Ipanema!

Ouvi ontem, de uma amiga, uma defesa lúcida e consciente a favor das rugas.
Do quanto um rosto maduro revela a vida que a pessoa teve.
E do quanto isso é belo de ser apreciado.
Lembrei-me imediatamente da foto de Ferreira Gullar em recente matéria de capa da Época.
Aquela imagem vale por mil palavras.
Se Wadson Santos, canalha conhecido desse blog, estivesse conosco diria - "Seu rosto, seu cartão de visita!"

Há 2 semanas atrás vi um casal em Ipanema que não esqueci.
Era um senhor no auge dos seus 70 anos, cabeça branca, uma barriga comportada, uma roupa adequada. Estava bem vestido.
Ao seu lado uma mulher estranha: rosto róseo, com pele lisa e lábios grossos.
Certamente, seria sua antiga esposa, repaginada.
Ocorre que aquela senhora não combinava mais com ele.
Os cabelos envelhecidos dela, não combinavam mais com seu rosto inexpressivo e liso.
Olhei a seguir para o casal .
Estavam de mãos dadas, sem carinho e estranhamente afastados. Fisicamente afastados.
Visivelmente afastados, aos meus olhos observadores.
E o rosto sem rugas e sem marcas dela não revelava quem ela poderia ter sido.
Quem sabe até mesmo para ele.
Pior, quem sabe até mesmo para ela!

Os sisudos, os arrogantes, os leves, os engraçados revelam no rosto a vida que tiveram, que puderam ter e que escolheram ter.

Aquela senhora escolheu apagar seu passado.

É obvio, Elme!


Elme Bastos é colaborador episódico desse blog.

É autocentrado por isso faz questão de publicar seu retrato, ao lado do texto.
Fez plástica para ficar ainda mais parecido com seu ídolo de macheza e virilidade, Antonio Banderas.

Por ser inseguro, gostaria de saber se nossos leitores também o acham parecido com seu ídolo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada – Epílogo


Apenas um ano depois da loura alta entrar no meu escritório, nos casamos numa cerimônia simples, em Juan-les-Pins. Tínhamos resolvido nos mudar para a Riviera Francesa.

Eu, de minha parte, para garantir o investimento no assunto, registrei o contrato matrimonial no consulado brasileiro, em Nice.
Ela, para nos capitalizar, vendeu sua parte no Hotel Saint Paul – Brasília.
Era preciso esquecer Brasília e algumas lembranças que guardávamos do Brasil.

A personagem Mary Holanda era uma delas.
Mary, enquanto Marialva fazia ponto no hotel da família Swanson, em Brasília. Habilidosa, aproximou-se do futuro marido, único herdeiro de toda a família.

Eram 2 irmãos donos de tudo.
O mais velho havia morrido, deixando para a esposa e o filho, a sua metade de todos os bens da família. O outro irmão era viúvo e não tinha filhos.

Marialva soube da estória e soube convencer o único sobrinho-quase-herdeiro que, casando-se com ela e tendo um filho, ele convenceria seu tio, de que era homem de verdade e que daria continuidade aos Swasons. Com esse arranjo, se tudo desse certo ele ficaria com ¾ de tudo e sua mãe, com apenas ¼. Marialva deixou claro na ocasião para o sobrinho-quase-herdeiro que ela era suficientemente pragmática para conviver com as preferências amorosas dele, mas aconselhou-o que fosse muito discreto, principalmente com o tio, com a mãe e com os amigos mais próximos de ambos.

Apesar do arranjo entre Marialva e seu parceiro aparentar ser sólido e de ter sido reforçado, primeiro, pelo casamento e, depois, pelo nascimento de um menino, o sobrinho era péssimo em dissimulação.

Ainda em vida, o tio resolveu fazer o testamento.
Nele, não destinou nada ao sobrinho.
Deixou tudo para seu sobrinho neto, filho de Marialva, que a essa altura passara a se chamar Mary Holanda Swanson!
Surpreendendo a todos que sabiam do valor envolvido, Mary e o marido, pai de seu filho, com a morte do tio seriam gestores da metade da fortuna da família até que o menino atingisse 26 anos. Ela e seu marido teriam 3/4 das cotas e a sogra teria que engoli-la, com véu e grinalda.
Mary gargalhava só de imaginar circulando por Brasília e pelo mundo de longo e a sogra, de tanga.

Era óbvio o que Mary Holanda Swanson tinha em mente, quando veio me procurar.
Sua preocupação não era saber se o marido a traía, mas ela sabia que a sogra ia tirar-lhe tudo caso conseguisse provar que o menino não era sobrinho neto de seu recém-falecido-cunhado!
Por isso Mary tinha tanta pressa...

Eu e Mary viramos amantes, mais por ela do que por mim, podem acreditar.
Eu sentia no ar, o risco que corria.
Eu já tivera a experiência de ter sido usado por mulheres ensandecidas por vingança, por abandono ou por desamor.
Eu já tivera a experiência de ter sido usado por mulheres ensandecidas por dinheiro!
A VÍTIMA É SEMPRE ATRAÍDA PELO OLHAR DA COBRA!, lembrei.
No caso, se eu não tomasse cuidado, eu também seria engolido, na hora em que isso fosse necessário.

Num de nossos encontros, Mary contou-me que poucos meses após o testamento ser registrado em cartório, o tio adoeceu e veio a falecer.
Suspeitei que ela e o marido-sobrinho-quase-herdeiro estivessem envolvidos nisso. Coloquei “pessoa minha” para investigar e, em 6 semanas, foi possível começar a ameaçar o casal com telefonemas anônimos. Devo isso a Bê-Pê, uma amiga que trabalha em educação, mas que podia ser detetive policial.

"Um dia eu lhe pago, Bê-Pê, com juros!"

Advogando para minha promissora cliente, vendi seu carro e com o dinheiro renovei perte do meu guarda-roupa, rapidamente.

Minha aparência, meu cartão de visita, sempre repito.
A outra lembrança que queríamos esquecer foi a morte do marido de Mary.
O marido-sobrinho-quase-herdeiro foi assassinado por um garoto de programa num motel da Barra da Tijuca, após terem tido relação.
Como eu escolhi o motel, as câmeras filmaram a fuga do suspeito e, com o esperma recolhido na vítima, seria fácil encriminar o rapaz.
O rapaz estava apavorado, não lembrava do que acontecera, mas acordara com um “38” em sua mão, com uma cápsula deflagrada, e ao seu lado na mesma cama, o marido-sobrinho-quase-herdeiro-agora-morto.
O cafetão do rapaz, que me devia favores, lhe aconselhou a fugir para Tocantins, até que tudo se acalmasse.
Obviamente, não havia filmagem e o policial que me ajudou com tudo, levou U$ 10 mil.
Na ocasião, a sogra tinha certeza de que minha cliente poderia estar por trás da morte do filho, mas convenci-a a evitar escândalos, a abafar as condições peculiares da morte através de meus contatos e enterrá-lo mantendo as aparências.
Lembrei-a que eram mais de U$ 50 milhões em jogo, que poderiam ficar indisponíveis até os 26 anos do menino. Todos perderiam com isso, possivelmente ela também.
Com a morte do filho, metade das posses da família passariam a ficar sob a guarda de Mary!
Enquanto a convencia, descobri seu ponto fraco ...
Enquanto isso, Mary passou a representar uma ameaça muito grande para o futuro que desenhei para mim.
Éramos cúmplices, mas sua situação era muito frágil.
E ao conhecer sua sogra, percebi até onde eu podia chegar.
Bastou dizer-lhe que o testamento do ex-cunhado estava comigo ...

Um juiz, que escolhi sem que Mary soubesse, exigiu exame de DNA do menino.
Muito mais do que supunha a sogra, o garoto não era filho do filho, nem filho da mãe.
Mary acabou me confessando, que havia arrumado uma criança clarinha num hospital dirigido por freiras, em Curitiba.
Desmascarada e chantageada pela sogra, aceitou ficar com apenas U$ 100 mil, para não ser acusada como mandante do assassinado do marido-sobrinho-quase-herdeiro.
Evidentemente, o acordo financeiro a que chegou com Mary foi intermediado por mim, que fiquei com os honorários combinados e com a maior parte dos U$ 500 mil do acordo.

Recentemente soube de Mary.
Ela voltou para Brasília e mudou de nome.
Como perdeu a juventude tão apreciada pelos calhordas de Brasília, deixou de ser chamada por lobistas para ser “acompanhante de autoridades”.
Voltou a ser morena. Com a ajuda de um deputado cujo nome não quis revelar chegou a dar, recentemente, uma entrevista para a Revista Piauí, como a inocente coletora de assinaturas Janileny Vieira.
Aos incrédulos, recomendo a matéria publicada com ela: http://www.revistapiaui.com.br/edicao_34/artigo_1088/Deputado_nao_resiste_a_oncinha.aspx
Dizem que ainda participa de festas no mesmo hotel, onde conhecera seu falecido marido.

Eu por outro lado, fiz a escolha certa.
Ela é somente alguns poucos anos mais velha do que eu.
Ela não sabe que sei, a sua idade verdadeira.
Sei também outras coisas a seu respeito, que por hora não preciso revelar.
Há hora certa para tudo, aprendi a dizer...

Sempre tive uma queda, pelas mulheres mais velhas do que eu.
Sempre me dei bem com elas.
A ex-sogra de Mary é loura de verdade, muito tratada e aparentamos a mesma idade.
O perfume que usa é o melhor que jamais senti, em toda a minha vida de canalhice.

Lembro bem, que ao entrar naquele jogo de pôquer e pedir 3 cartas, não fazia a mínima idéia que ia quebrar a banca.

A cartomante bem que me disse que minha vida ia mudar...

De lá para cá, raspei o bigode, deixo o cabelo bem curto.
Larguei o anel de advogado no escritório, ao lado do diploma que tinha mandado falsificar.
O relógio, uso descontraído no pulso direito e no esquerdo uma fita do Senhor do Bonfim, saravá!
Se minha mãe estivesse viva e visse essa minha foto ao lado da minha esposa, ex-sogra da Mary, diria: “Êta, moreno arrumado!”

Quando morrer já tenho os dizeres para a minha lápide: “Monsieur Wadson Santos, nasceu pobre em Itaúna, viveu rico, em St Tropez”

Ô revuá, Ipanemá!


FIM

terça-feira, 7 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada – Cap 7 (continuação)

O garçon trouxe mais 2 taças sem que pedíssemos.
Bebemos em silêncio.
Nas telas de TV de plasma 42” um show com blueseiros fazia o fundo musical. Nada que atrapalhasse a conversa.

“E quanto ao pro labore?”, perguntou-me.
“Bem, preciso pesquisar quais são os bens da família, ver registros em cartórios, certidões. Posso cobrar-lhe de início 6 mil e a medida que algumas despesas apareçam, você vai me pagando também”
“Não posso, o que tenho são algumas jóias da família dele, vou tentar vendê-las e lhe falo.”
“Veja bem Mary, as questões reais quase nunca são como as desejamos”, era um toque para checar suas convicções.
“Wadson, vá na internet procure St.Paul Plaza Hotel, em Brasília, é da rede deles! Eu tenho uma Pajero 2004, se quiser fique com ela, venda, faça o que quiser, mas me ajude!”, começando a chorar.
Amoleci, profissionalmente falando.
A cliente estava irresistível, tinha grana em potencial e eu não posso ver uma mulher bonita chorar.
Me aproximei dela, passei a mão em seus cabelos, senti de perto o seu perfume.
Apesar dos pequenos sinais de decadência, Mary usava o melhor perfume que já sentira.

“Posso pedir mais 2 margueritas?”
Ela assentiu com um gesto de cabeça.

Percebi que poderia estar entrando numa furada, mas qual homem solteiro resistiria àquela bela mulher que mentia como poucas?

Estava entrando numa rodada de poker com um 7 e um 8 de espadas na mão, fiquei com elas e pedi outras 3 cartas ...

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 7

Escolhemos um bar discreto, com luz fraca e música em volume baixo.
Poderíamos conversar.
Ela pediu um “margherita”. Decidi acompanhá-la, disposto a selar uma trégua, após o embate no escritório.
Os drinks chegaram.
Ergui minha taça e perguntei: “ Temos algo a brindar? Quer sugerir?”
“Sim, quero brindar o término das dissimulações, das meias palavras! Um brinde à objetividade!”
“Wadson, de agora em diante, me chame de Mary, simplifica o tratamento e eu gosto que me chamem assim”.
“Perfeitamente, mas porque essa mudança?”
“Gostei do seu estilo, você é um jogador, deu sorte e acertou bem mais do que errou”, disse-me sorrindo e completou, “eu preciso de sorte, a vida é um jogo de azar”.
Devolvi o elogio com o meu melhor sorriso.
Com as pontas dos dedos puxei os fios do bigode.

“Mary é preciso conversar sobre os meus honorários, se de fato pretende que eu vá assistí-la.”
Enquanto ela me olhava, prossegui: ”normalmente, trabalhamos com um percentual sobre o que conseguimos para a cliente e para iniciar o trabalho cobramos um pró labore”.
“Wadson, porque você falou em trabalhamos ... conseguimos ... cobramos ...? Pretendo tratar de meus assuntos com uma única pessoa, com aquela que EU ESCOLHER, para defender OS DIREITOS que eu acho que tenho”, Mary mostrava-se mais uma vez, muito decidida.
“Não! Esqueça! É apenas um jeito de falar!”, disse-lhe.

“Mas saiba que na justiça, não se age sozinho. Se fosse assim aquela minha cliente não estaria solta, não haveria cobertura na imprensa e você não estaria aqui.”
“Sim eu posso imaginar perfeitamente, mas não é disso que estou falando”.
“Só quero falar das minhas questões pessoais a uma única pessoa, que estará dedicada, será discreta e comprometida com um sigilo absoluto. Entendeu?”
“Perfeitamente, para mim é simples, porque no escritório não tenho sócios”.

“Pois bem, que percentual é esse?”
“Quatro por cento do que lhe couber, na ação que moveremos, digo, moverei!”
“Bem, eu calculo que mãe e filho tenham um patrimônio de 20 milhões ou mais, entre bens e ações da rede de hotéis que possuem. Eles tem sócios, mas são majoritários em todos os negócios que tenho conhecimento.”
“Mary, pode ser que tudo esteja em nome da sua sogra. Nesse caso havendo o divórcio muito pouco lhe caberia.”

Ela fez uma pequena pausa.
“E se eu lhe dissesse que o patrimônio deles está muito acima de 100 milhões?”
“Nesse caso eu lhe diria que é improvável que tudo esteja no nome dela, a menos que seu marido seja juridicamente incapacitado”.
“Mary me diga uma coisa, a sua sogra é de família rica ou é assim, como eu e você?”
“Não sei, tive pouco contato com ela, ela me evita.”
“Procure saber, precisamos identificar seu ponto fraco. E o neto?”
“Ela sabe que o filho dela não gosta de mulher. Sempre disse na minha cara que meu filho não é neto dela. Agora o menino está crescendo e não se parece nadinha com o meu marido...”

Sorrindo-lhe com malícia falei-lhe: “Mas Mary, é só solicitar a um juiz bem escolhido, que comprove a paternidade do pai, através de um exame de DNA!”
“Wadson, você acha que fui atrás de você porque? Não posso acreditar que você vai abrir mão dessa oportunidade?”
“Dessa CAUSA, você quer dizer.”_ retruquei.
“Está bem, dessa CAUSA, se você preferir”

Brindamos, novamente, e viramos de um só gole, o que restava de nossas taças.
Não era coincidência ...

domingo, 5 de julho de 2009

Notícia do Dia

Meus amigos, essa noite tem lua cheia!

Aqui estamos nós, que nos deixamos fotografar cantando com nossos amigos.

Afinal, lembrando Maurício Mattar, para que servem as noites de luar?


R - Para cantar e compor!




Nós do Falo, dedicamos às nossas queridas amigas, às nossas leitoras assíduas, uma música para aquecer seus corações nesse inverno. O Otis, amigo nosso e do CK, nos chamou para fazer o backing vocals. Estamos com ele, em outra gravação mais recente, mas fiquem com essa, que também é boa ...



Wood, Stock e os amigos do Falo Explícito




sábado, 4 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 6

A segunda-feira era o dia de descanso meu e da minha coroa. Ela não abria o trailer apesar da reclamação dos clientes habituais. Íamos à Praia da Urca com águas calmas e vista impressionante. Levávamos um farnel com sanduíches e alguns pastéis, coxinhas ou risoles que sobravam da véspera. A cerveja comprávamos de ambulantes e a CONTIGO, leitura de fé da minha coroa, era sempre comprada na banca da D. Célia ao lado do ponto em que saltávamos. A banca era quase em frente à casa do Rei, Roberto Carlos. Minha coroa sempre perguntava por ele à D. Célia. Vez por outra ganhava uma confidência do tipo: ”Ontem, o motorista dele comprou todas as revistas que traziam matérias sobre o show que fez no Copacabana Palace!”. Às vezes outras mais picantes como “Mandou comprar a Preibói nova. Ele ficou viúvo. É muito solitário, sabe como é...”.
Minha coroa dizia que era louca pelas músicas dele, mas homem para ela era o Valdick, o Tarcísio Meira e o mulatinho querido dela, eu, Wadsonzinho.
E tinha também o tal de Zé/Zeca/Zézinho mas esse e nunca soube quem era.

Eu já tinha ganhado corpo, eu nadava, aprendera a fazer exercício com peso com os coroas do Aterro e tinha virado um moreno bonito, sempre queimado de sol. Meu cabelo era bom, ondulado e meus olhos eram castanhos claros. Apesar da minha origem muito humilde, o mundo novo que se abria para mim sugeria que talvez eu conseguisse entrar.
O curso noturno na faculdade de direito no Centro reforçava esse pensamento.
Ainda assim, minha autoestima masculina estava muito longe de ser, o que hoje ela é.
Eu era o aluno mais novo do meu ano e me vestia com roupas muito simples. Nunca percebia olhares interessados das alunas mais velhas da faculdade. Estavam quase sempre exaustas. Pra quem não sabe, curso noturno no Centro é de gente batalhadora da periferia que trabalha o dia inteiro e deixa de fazer refeição pra pagar a faculdade. Gente que dorme no ônibus e que come a quentinha, escondida na cozinha do escritório.

Era o início dos anos 80, meu sonho de mulher era a India Potira, em preto-branco-e-cinza, no Programa do Chacrinha. O “Brasil do Milagre” era muito mais desigual. A TV colorida só pegava na casa dos ricos e na vitrine das lojas de eletrodomésticos.

Aquela segunda-feira porém era especial, pois na terça encontraria a cartomante em sua casa às 13:00.
Fiz questão de ficar deitadão na esteira para pegar um bronze.
Minha coroa, ao meu lado, besuntada de bronzeador barato, com água oxigenada para clarear os pelos das pernas e entretida com a CONTIGO, estava feliz.
A tornozeleira de ouro refletia o sol de meio dia e o esmalte mal pintado nas unhas do pé aparecia, mesmo entre os grãos de areia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O falo explícito é lícito?

respondam a pergunta:

o falo explícito é lícito ou é o comentário contrário?
será o falo contrário ao ilícito comentário?
se o mesmo falo contraria o explícito,
quanto mais a literatura...


move-se, cria-se e cresce
onde o falo perdura