terça-feira, 7 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 7

Escolhemos um bar discreto, com luz fraca e música em volume baixo.
Poderíamos conversar.
Ela pediu um “margherita”. Decidi acompanhá-la, disposto a selar uma trégua, após o embate no escritório.
Os drinks chegaram.
Ergui minha taça e perguntei: “ Temos algo a brindar? Quer sugerir?”
“Sim, quero brindar o término das dissimulações, das meias palavras! Um brinde à objetividade!”
“Wadson, de agora em diante, me chame de Mary, simplifica o tratamento e eu gosto que me chamem assim”.
“Perfeitamente, mas porque essa mudança?”
“Gostei do seu estilo, você é um jogador, deu sorte e acertou bem mais do que errou”, disse-me sorrindo e completou, “eu preciso de sorte, a vida é um jogo de azar”.
Devolvi o elogio com o meu melhor sorriso.
Com as pontas dos dedos puxei os fios do bigode.

“Mary é preciso conversar sobre os meus honorários, se de fato pretende que eu vá assistí-la.”
Enquanto ela me olhava, prossegui: ”normalmente, trabalhamos com um percentual sobre o que conseguimos para a cliente e para iniciar o trabalho cobramos um pró labore”.
“Wadson, porque você falou em trabalhamos ... conseguimos ... cobramos ...? Pretendo tratar de meus assuntos com uma única pessoa, com aquela que EU ESCOLHER, para defender OS DIREITOS que eu acho que tenho”, Mary mostrava-se mais uma vez, muito decidida.
“Não! Esqueça! É apenas um jeito de falar!”, disse-lhe.

“Mas saiba que na justiça, não se age sozinho. Se fosse assim aquela minha cliente não estaria solta, não haveria cobertura na imprensa e você não estaria aqui.”
“Sim eu posso imaginar perfeitamente, mas não é disso que estou falando”.
“Só quero falar das minhas questões pessoais a uma única pessoa, que estará dedicada, será discreta e comprometida com um sigilo absoluto. Entendeu?”
“Perfeitamente, para mim é simples, porque no escritório não tenho sócios”.

“Pois bem, que percentual é esse?”
“Quatro por cento do que lhe couber, na ação que moveremos, digo, moverei!”
“Bem, eu calculo que mãe e filho tenham um patrimônio de 20 milhões ou mais, entre bens e ações da rede de hotéis que possuem. Eles tem sócios, mas são majoritários em todos os negócios que tenho conhecimento.”
“Mary, pode ser que tudo esteja em nome da sua sogra. Nesse caso havendo o divórcio muito pouco lhe caberia.”

Ela fez uma pequena pausa.
“E se eu lhe dissesse que o patrimônio deles está muito acima de 100 milhões?”
“Nesse caso eu lhe diria que é improvável que tudo esteja no nome dela, a menos que seu marido seja juridicamente incapacitado”.
“Mary me diga uma coisa, a sua sogra é de família rica ou é assim, como eu e você?”
“Não sei, tive pouco contato com ela, ela me evita.”
“Procure saber, precisamos identificar seu ponto fraco. E o neto?”
“Ela sabe que o filho dela não gosta de mulher. Sempre disse na minha cara que meu filho não é neto dela. Agora o menino está crescendo e não se parece nadinha com o meu marido...”

Sorrindo-lhe com malícia falei-lhe: “Mas Mary, é só solicitar a um juiz bem escolhido, que comprove a paternidade do pai, através de um exame de DNA!”
“Wadson, você acha que fui atrás de você porque? Não posso acreditar que você vai abrir mão dessa oportunidade?”
“Dessa CAUSA, você quer dizer.”_ retruquei.
“Está bem, dessa CAUSA, se você preferir”

Brindamos, novamente, e viramos de um só gole, o que restava de nossas taças.
Não era coincidência ...

Um comentário:

Lady Shady disse...

Elementar meu caro Watson, digo, Wadson!
hehehe
bjs