terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Aureliano Mailer vai à palestra onde quem brilha é Elme



Ontem, aceitando a insistentes convites de amigos ou melhor de amigas fui ao Teatro Casa Grande.

A razão da insistência não me cabe revelar, mas, observador da alma humana, fui ver como se comportavam mediador, 3 palestrantes e a platéia.

O pano de fundo era pretensioso: Entretenimento e Cultura Contemporânea.

Apesar de minha disposição inicial, foi semi-chato o primeiro, que fez muitas citações de si mesmo.

Foi interessante o início do segundo, que partiu de questões abrangentes expostas pelo primeiro e começou a apresentar suas erudições, se exibindo deslavadamente para uma platéia predominante feminina. Não satisfeito na arte de articular pensamentos bem construídos e recheados de citações, se dispôs a cantar, e bem. Tentava encantar, não há dúvida.

O terceiro, certamente o mais pretensioso dos três, falou mais do que todos, discorrendo sobre vários pensamentos seus, solitariamente e quase sempre, só seus.

A coisa degringolou quando, ao responderem às perguntas, cada um deles, resolveu alfinetar um ao outro.

Briga de egos.

Ao lado de cada um o Elme Amo, Elme Adoro.

Ao final, nossas opiniões se dividiam entre quem tinha sido mais desagradável ou mais hostil.

Inusitadamente, todos pareciam concordar na escolha do melhor momento da noite - A APRESENTAÇÃO DOS PALESTRANTES!

Era o momento em que Elme descia os degraus.

Justamente, no momento em que o primeiro dos palestrantes era anunciado e convidado a subir ao palco.

Naquele instante, imediatamente antes do convidado se levantar, todos se voltaram para Elme que segue descendo os degraus, retribuindo os olhares, erguendo os braços. Para os ignorantes que o confundiam era o fim da procura e o início dos aplausos.

Elme sorri triunfante e recebe sorrisos de volta.

Finalmente, o verdadeiro indicado se levanta.

O pano desce e os risos ficam.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Chica e Elme: EPÍLOGO


...mais 2 meses se passaram, desde que Elme havia enviado o e-mail para Chica, com cópia dos recibos de depósito, em anexo.

Chica tinha ficado desconcertada, mas suas amigas entendiam que ela tinha que se manter firme, que o melhor seria deixá-lo sem resposta.

Entre altos e baixos, ela estava se sentindo mais forte, sem alguém como ele que mordia e assoprava, que beijava e reprimia qualquer chance de aproximação, qualquer chance de acolhimento.

Aspira Chica se convencera de que era feita de pedra dura.

Pobre dos infelizes que cruzaram seu caminho. Ela tinha munição para todos.

Estava exausta do personagem e não sabia.

Tinha amigas, amigos, ficantes, cigarros e destilados.

Após uma noitada de fim de semana, chegou de madrugada em casa com um carinha para trocar um amasso, acordar no domingo, inventar uma desculpa qualquer e mandá-lo andar.

Como hábito dos que moram sozinhos, olhou para a secretária eletrônica para contar as ligações.

Eram 8!

A maioria de seus amigos estava no bar com ela e sua mãe lhe ligara para o celular, à meia noite dizendo que ia dormir e sugerindo que ela não bebesse... mãe é tudo igual, ela sabia.

Quem teria ligado tantas vezes ou porque tantas pessoas teriam ligado em tão pouco tempo?

Se agisse como os homens agiriam, ouviria os recados no domingo, depois de se livrar do carinha.

Se agisse como as mulheres agiriam, disfarçaria e ouviria pelo menos algum deles caso tivesse uma chance.

Como tinha virado pedra dura partiu para o amasso...

Domingo de ressaca, após dispensar o rapaz nem se lembrou da secretária eletrônica...

Foi sair com as amigas, durante o almoço acabou lembrando dos recados, mas não quis comentar com elas.

Voltou para casa sozinha, pra lá das 8 da noite.

A secretária apontava 9 recados.

Todos eram do Elme, que havia voltado naquele sábado, bem tarde e, ao que parece, queria saber como ela estava...

domingo, 18 de outubro de 2009

Chica e Elme, Penúltimo Capítulo: "Tentei ligar pra você..."









Para: aspira.chica@uol.com
De: elme.bastos@tvglobo.com
Assunto: Comprovantes de depósitos

Chica estou lhe enviando esse e-mail, com todos os comprovantes de depósito, em anexo.
Eu tentei lhe dizer o que estava acontecendo, mas voce nunca me atendia.
Eu deixei vários recados na secretária eletrônica, lhe dizendo que eu estava com o seu cartão e pedindo sua autorização para usá-lo, pois "porraqui" em Corumbá, ninguém tem maquininha da Redecard, do meu cartão, mas aceitam o seu, VISA.
Os bancos entraram em greve e rapidamente acabava o dinheiro no caixa eletrônico.
Estou na periferia de Corumbá, ok? Em Lagoa do Cáceres, tá? Quase na fronteira com o Paraguai...
Não estou preso, mas é quase isso, estou num revezamento com outros 2 câmeras 8 horas por 16.
Conosco se revezam seguranças para nos proteger e sabe porquê?
Porque o diretor quer gravar o nascimento de uma prole de jacarés e a jacarôa está cuidando do ninho.
A jacarôa está se acostumando comigo e fica toda exibida no sol quando estou por perto!
Não acredita?
Pode acreditar...
Clique, 2x, na figura que coloquei no post anterior Chica, tem uma animação dela.
Eu fiz essa animação para você!
Ah, e a cada retirada que fiz com seu cartão, fiz depósitos na sua conta!
Mas, pelo jeito, voce não ligou uma coisa a outra, Chica.
Chica, esse papo que homem é tudo palhaço é uma bobagem!
É que a gente não pode se levar muito a sério, eu acho.
Desculpe, se voce teve que cancelar o cartão.
"O orelhão da minha rua estava escangalhado... mas você crê se quiser!!!"
P.S.: Comprei na fronteira algumas garrafas de Prosseco Italiano pensando em voce.
P.S.: E o valor daquele nosso jantar maravilhoso também depositei na sua conta!

Besos,

Elme

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Chica e Elme Cap.V - Mais do mesmo...


-Alô? Quem é?
-Chiiica?
-Claro, queria falar com quem, ligando para a minha casa tão tarde!
-Chiiica, é o Elme! O Elme Bastos, seu vizinho!
-Putz Elme, a essa hora! Que horas são?
-Ééééé...quase duas horas da manhã.
-Tá e aí, voce sumiu, mais uma vez!
-É que estou viajando a trabalho, direto, há quase 2 meses...
-Ah, já sei, algum de seus amigos comentou...
-Chica, você ainda está aborrecida comigo?
-Não, nem sei, porque ficaria?
-Puxa, você nem lembra?
-Elme qual é, você, carente?
-Não, não, claro que não, imagina, mas estou aqui em Corumbá, de saco cheio e vendo jacaré, paca, tatu ...
-Elme, você está aonde???????
-Em Corumbá, Mato Grosso do Sul.
-Então foi você seu f-d-p que ficou com o meu cartão de crédito com chip?????
-Calma, Chica foi no restaurante lembra, você me deu seu cartão para que eu pagasse a conta, fingindo para o maître que eu era um cavalheiro pagando um jantar para uma dama...
-Pôrra Elme, então é você que está usando o meu cartão em Corumbá, caralho! Puta-que-o-pariu, Elme! Você estourou o meu cartão, Elme! Eu tive que cancelar o meu cartão! Mas eles não vão me ressarcir porque VOCÊ ESTAVA USANDO A SENHA CORRETA!
-ELME, DEVOLVE O MEU CHIIIIIP!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Chica e Elme Capítulo IV : O telefone tocou novamente...


Elme ligou melancólico para Chica.
Estava desarmado, o ego espetacular murchara e ele estava sem aquele viço costumeiro.
Trabalhando longe de casa e longe do afago carinhoso das mulheres que o assediavam, insistentemente, no Rio de Janeiro, os quase 2 meses cobravam seu preço.

A mãe e a irmã que sempre o adularam, tinham viajado num cruzeiro de navio pela costa brasileira do Rio a Montevidéu. Estava frio por lá, chovia e elas estavam horrorizadas com a roubada em que haviam se metido.
Quando falavam com Elme , não queriam saber de como ele estava e sim falar de como elas estavam...

Não tinha sido assim, que Elme havia sido criado por elas!

Pobre Elme!

Confinado na gaiola do que realmente era, sua voz estava um fiapo.
0-2-1-2-1-2-2-6-6-..-..-..-..
Trimmmm! Trimmmm! Trimmmm! Trimmmm!
Sclap, tlap, scalap!
-ALÔ...DEIXE SEU RECADO!
Elme desligou rápido, era muito mico deixar qualquer recado decente para Chica, com a voz insegura!

Saiu do hotel, tentando se distrair.
A cidade não ajudava, os papos e as pessoas também não...
Após 2 horas de desânimo, voltou para o hotel, sentou na cama, olhou para o telefone com aquela insegurança típica de quem não quer repetir um gesto de desamparo.
O pior de um gesto desses, não é expor para terceiros. Não era o caso, estava sozinho.
O pior era expor seu estado, a si mesmo.

Elme trancou a porta do banheiro e a porta do armário, evitava assim se olhar no espelho, cair em si, ver-se naquele estado lastimável.
Sentia saudades da Aspira Chica de Holanda e Vodka!
Sentia saudades da Aspira Chica Prosseco Gelado!
Sentia saudades da vizinha especial que não saía de sua cabeça: Chica Dá Silva!
Nunca na história daquela cabeça espirituosa e daquele coração duro, se sentia arrebatado, por uma “porra loca” feito ela.
O álcool lhe deu coragem e inspiração.
Ia pedir uma chance de reconciliação!
Pobre Elme!

0-2-1-2-1-2-2-6-6-..-..-..-..
Trimmmm!!!

sábado, 26 de setembro de 2009

Pensamento do Dia

É dando... que se engravida!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Capítulo III : Chica se diverte e Elme reflete

Se havia motivos para uma reconciliação entre Elme e Chica, a vida se encarregou de dificultá-los.
Chica continuou sua vida normal.
Era uma mulher risonha, interessante, de pensamento rápido e razoáveis opiniões para muitos assuntos. Financeiramente independente, morava sozinha, recebia uma força de seu pai para o aluguel do apê e não aceitava nada mais do que isso. Não que o pai não pudesse, mas essa era a forma que ambos encontraram para conviver melhor. Ao ajudá-la ele lhe dava amparo, respaldo e amor e ela, ao não aceitar mais nada além disso, aumentava a admiração de seu pai por ela, ao mesmo tempo que lhe impunha limites.
Pai e filha se davam bem.

Elme ganhava menos do que Chica. Não era ambicioso. Mas como morava com os pais, tinha carro, roupa lavada-e-passada e mais dinheiro para gastar. O carro era de sua mãe mas esse era um detalhe que ele, naturalmente, ocultava.
Mais comum, eu diria, impossível.

Elme tinha uma irmã cerca de 5 anos mais nova. Ela e a mãe eram as responsáveis diretas por erguer aquele poderosíssimo ego que ele trazia consigo. Elas adoravam o irmão e o filho e diziam que ele estava cada vez mais bonito. Os três se pareciam!
Elme era inteligente, simpático e alegre. Com essas qualidades compensava sua feiúra com uma lábia sem igual. As mulheres gostavam de estar ao seu lado, ele sabia valorizá-las, “et pour cause”, não lhe faltava companhia.
Contudo era muito volúvel, ou “muito volátil”, como gostava de dizer. As mulheres que quiseram domá-lo, prendê-lo, surrupiá-lo da vida mundana se decepcionaram e, as mais ressentidas, que felizmente não eram muitas, chamavam-no de “galinha”. Houve um momento, onde algumas das “ressentidas” tentaram se unir para formar a SOCIEDADE DAS MULHERES QUE SOFRERAM COM ELME, mas acabaram brigando entre si, desconfiadas umas das outras, disputando quem tinha sofrido mais...

Logo após ter aprontado, mais uma vez com sua vizinha Chica, Elme foi encaixado na produção de um programa que o deixou fora do Rio e de circulação por quase 3 semanas.
Chica não soube disso, porque não tinham relação estabelecida para receber esse tipo de satisfação de Elme.

Nesse ínterim, ainda que ressentida, Chica não perdeu o brilho. Passarinhos e gaviões esvoaçavam em sua volta, as vezes juntos...

Chica era livre e desimpedida para suas escolhas e seguiu em frente. Curtia filmes dark.
Lia muito, quadrinhos inclusive, bebia tanto quanto os rapazes e, pelo menos uma vez por semana, exagerava no álcool. Seu apê era num prédio antigo e tinha uma banheira com cortina, ao invés de box. Não é preciso dizer que Simone de Beauvoir e Rê Bordosa estavam entre suas referências.
Chica tratava sua principal fraqueza, a baixa auto-estima, com álcool e a negação sistemática a devaneios românticos.
Elme a atraia por um jeito transverso. Ela já sacara que ele era confiante e carinhoso. Ela já vivenciara isso algumas vezes ao seu lado e sentia-se bem com essa “transfusão de auto-estima”.
O problema é que ela mesma, não queria ninguém pegajoso aos seus pés e ele, provavelmente, também não.

Enquanto isso o Elme, caiu na estrada. Longe do agito da cidade grande, longe dos bares e do ANTIGAMENTE, andou pegando geral e óbvio, encarou muita roubada.
Ao término da segunda semana , estava melancólico.
Resolveu ligar para Chica, tentando consertar a lambança.

sábado, 19 de setembro de 2009

Chica e Elme Capítulo II : Reflexões a sós


Elme Bastos custou a ver a ficha cair. Quando pensava no programa que fizera ao sair com a sua “peguete” e vizinha, Aspira Chica, valorizava todos os aspectos positivos daquela tarde/noite de domingo: o Prosseco italiano ultra gelado, a improvisação que fizeram para arrumar um balde de gelo que mantivesse a preciosa bebida à temperatura adequada, a sensacional dança indiana que Chica protagonizou, o lenço de seda dela que ele colocou por dentro de sua camisa de gola, a pose de galã que fez deixando-o a cara do Bahuan, a Chica teimando que quem usava lenço na novela era o Radji enfim, muitas lembranças agradáveis para um desfecho mal humorado da Chica.
Elme demorou mas entendeu, finalmente, que poderia ter sido melhor confessar naquele dia, que estava no ULTRAVERMELHO de seu cheque especial.



Chica por outro lado estava puta com ela mesma.
A questão principal era uma excessiva autocrítica por ter caído mais uma vez na conversa mole do Elme. Logo com ele, que não melhorava e volta-e-meia armava no final.
E tome enxurrada de frases feitas:”Homem é tudo igual.”, “Esse Elme é muito babaca, muito autocentrado.”, “Eu devia deixar de ser boba e voltar a sair com fulano que me valoriza.”, “Como mulher é burra!” e vai por aí a fora...

Repetia assim a dialética feminina que as deprime e não as deixa sair do lugar, eu diria.
Acontece que a vida não é reta.
Nas relações, 1 mais 1 é muito mais do que 2 e ela, mulher vivida e descolada, sabia perfeitamente disso. Na época, Chica ainda não chegara aos 30 anos.

Diferentemente do Elme, somente quando a raiva começou a passar, foi que ela deixou que as lembranças de domingo fossem se arrumando em sua cabeça, uma a uma.
Não... ela não tinha a menor idéia da procedência do Prosseco.
Ela sabia que era rosé e que o Elme havia dito que combinaria com ela.
Podia ser mentira, mas ela acolhera o comentário “com um sentimento bom”.
Quem é mulher sabe do que estou falando.
O Elme era muito engraçado, ridículo até, mas fora muito carinhoso na cama, soubera conduzi-la, soubera esperá-la e o sexo fora de fato muito bom, não dava para negar.
Percebeu que fora ela que havia insistido para eles irem ao cinema e também para que fossem jantar, conforme combinado. Lembrou que ele tinha insistido para que ficassem no apê dela, que pedissem uma pizza e certamente aí, ele bancaria.
Não havia dúvida, de puta com ele passou a se sentir culpada!
Sua convicção, tola eu diria, vinha do fato dele ter pago o táxi e o cinema.
Acabou imaginando que ele, por vergonha, não quisesse confessar para ela que não tinha dinheiro para bancar tudo.
Ela sabia que homem tem um monte de dificuldades com isso, mas no dia, na hora, ela se sentiu usada, manipulada e ficou $#@&!!! com ele.

Esse pensamento feminista de que a mulher precisa se dar valor, mais uma vez atrapalhara sua vida, que poderia ter seguido mais leve, pelo menos ... pelo menos naquele encontro com o Elminho.
Foi procurar a foto que tinha do Elme na festa a fantasia onde se divertiram até....
Ela fizera muito sucesso, fantasiada de Rê Bordosa aliás, bebera todas!
Mas o Elme, aliás Radji, aliás Antonio Banderas, aliás punk..., sem comentários!

Chica saíra da trincheira-do-auto-patrulhamento-intelectual-feminista e agora, as boas lembranças do encontro estavam aflorando em sua cabeça, sem controle.

Aureliano Mailer é um observador da alma humana e o Elme, seu amigo, contou-lhe parte dessa estória...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Aspira Chica ameaça Elme e desabafa: Homem é uma droga



Amigas, eu xinguei e eu ameacei falar para todo mundo que o bonitão do ... já falhou algumas vezes.
Joguei sujo, fazer o que?
Pois, não são eles que dizem que os fins justificam os meios?
Pois é, logo eu que aturo o Elme com aquele ego todo, que mal cabe no meu apê.
Logo eu que preciso lembrar toda manhã, com ou sem ressaca, que ele ao sair para o trabalho, precisa levar o ego junto.

Pois bem, o f.d.p do Elme há dias que não dava as caras.
Aí, me liga na tarde de sábado, cheio de conversa dizendo que queria me levar ao cinema e que depois me levaria para jantar, à luz de velas.
A babaca aqui, mesmo sem nenhum programa decente, tentou endurecer.
Ah, Elme não sei ... você anda meio distante ... porque você quer ir comigo?
Chica, uns amigos disseram que o filme é legal, tem um olhar feminino e é uma história de amor entre um cara sensível e uma vizinha.
Elme, eu sou sua vizinha, mas se você fosse sensível ... (aí resolvi parar!)
Não vou! – disse.
Puxa amoooorrr o nome do filme é AMANTES, eu to te chamando para ir comigo, o Bonequinho do Globo aplaude de pé.
Vaaammmoooosss????
Aí eu cedi. Tá bem eu vou, a que horas? – disse.
Bem, o filme é só às 19:30 mas como ainda são 16:00, eu tava pensando em ir pra aí mais cedo. Tô com uma garrafa geladíssima de espumante italiano, você tem aquelas taças lindas e aí a gente vê o que rola.
Tá bem, Elme, a que horas você chega?
Já estou descendo as escadas.... TRIMMMMMMM!

Bem, sem entrar em detalhes, o bichinho estava carente, o espumante era ótimo e na hora de ir ao cinema, o puto já tava querendo adiar o programa.
Fingi que não entendi e fiz o que tinha de fazer para que ele me levasse.
É, gente, fiz promessas para a volta do tal jantar, fazer o que?





Bem, o filme é muito bom. Tem uma mulher, a tal vizinha, que faz gato e sapato do cara que é bem maneiro e, eu não vou contar o final para não estragar.

Saímos. E eu ainda sem entender o convite do Elme para um filme meio feminista.
Perguntei-lhe em qual restaurante ele ia me levar, com expectativas compatíveis com o que rolava até ali, não vou negar.
Ele me disse para escolher, que era eu que sabia, blá, blá, blá ...

O jantar foi legal, eu perguntei-lhe o que havia mudado para ele se reaproximar.
Ele desconversou.
Falamos sobre o filme e perguntei-lhe sobre o que tinha mais gostado.
Ele disse que tinha gostado do final, que o cara tinha dado a volta por cima ...
O que me encheu de raiva.
Veio a conta.
E o puto estava sem talão de cheques, sem cartões e sem dinheiro, como de hábito!
O restaurante era fino e eu não fiz baixaria.

Dormi sozinha, mas obriguei-o a me dar a senha de acesso a esse blog: Homem é uma droga e o Elme, volta e meia, não diz ao que veio... rs, rs, rs, rs

Aureliano Mailer repreendeu o Elme com severidade, avisou que está abrindo um blog com o seu velho amigo Sá e que não quer baixaria com a Aspira Chica.
O novo blog é
http://assaz51.blogspot.com/







domingo, 30 de agosto de 2009

Elme Bastos, O REPORTER: No Encontro Nacional de Escritoras Feministas





Queridos leitores, há muito tempo não encontrava tanta autoestima reunida.
Igual àquela, só lá em casa, em frente ao espelho.
Pois é, a mulherada fazendo palestras, dando entrevistas, se achando.
O engraçado é que poucas falavam e muitas concordavam.
É não era pelo brilhantismo das palestrantes.
Gente, calma, não é maldade, eu vi! Eu ouvi! E entendi a razão!
“Mulheres unidas jamais serão vencidas”
Muito pouca divergência, portanto.

Em alguns momentos, chegava a me beliscar pois devido ao tédio “entrava numa” que estava num congresso chato de auto ajuda.
Vai ver que era, mas isso, a mulherada não iria assumir.
E ao final de uma tarde interminável de blá-blá-blá meu antebraço estava roxo e minha mente entorpecida.

Sim, havia homens na platéia. Havia alguns jornalistas e poucos escritores, geralmente participando de mesas em horários inadequados nos locais mais caídos do lugar.
O meu faro investigativo, contudo, não me indicou assistir a nenhuma das palestras proferidas pelos "prestigiados" escritores.

Me chamou atenção um anunciado “talk show” com perguntas rápidas, com uma escritora muito rápida nas respostas, conhecida entre os amigos como “o gatilho mais rápido do Oeste”.
Sabia de sua fama e achei que daria uma boa matéria.
Gente! Brincadeira! Eu sei que mulher é muito complexa.
Que diz sim, quando o desdobramento do assunto é não. Que diz talvez, quando é óbvio que não está a fim.
Mas o tal bate bola, ou melhor, talk show, barbarizou incrédulos como eu, Elme.

A platéia estava excitadíssima.
A cada pergunta, uma expectativa pela resposta.
A seguir, a resposta rápida!
Quando óbvia, uma explosão quase ensandecida.
Quando inteligente mas bem humorada, risos em câmera lenta mas risos, sem dúvida.
Quando complexa ou excessivamente inteligente, um sorrisinho amarelado, aqui e ali.

A escritora, “a mais rápida no gatilho” entendeu rapidamente a situação e baixou o nível.
Agradou em cheio a platéia, mas ...
Bem, recolhi algumas pérolas.

P- E sexo?
R- Só com amor!
P- Quem trai mais, o homem ou a mulher?
R- Só os galinhas... homens é claro! (A platéia desabou, gente!)
P- Qual o segredo de uma relação amorosa estável entre homem e mulher?
R- Respeito, compreensão, companheirismo e sexo.
P – Qual a importância do sexo para a manutenção dos casamentos?
R – Para os homens 99%! (A platéia desabou, gente!)
P- E para as mulheres?
R – As mulheres são mais românticas... blá- blá- blá!

Aí, eu Elme Bastos, pedi pra sair!
rsrsrsrsrsrs

Elme Bastos se acha, acha que entende de mulheres e gosta de platéia !

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

1 mais 1: Confesso que vivi


Sem que esperassem, se conheceram.
Sem que suspeitassem, se entrelaçaram.
Sem que percebessem, se apaixonaram.

E viveram os meses e os anos seguintes,
Completamente entorpecidos,
Pela presença de um no corpo do outro.

Ele começou a sentir que em volta deles havia um aquário.
Que os guardava do resto do mundo.
E as tardes do meio da semana eram feitas para vê-la.
E os almoços para olhá-la.
E as noites para abraçá-la.

Esse encontro transformou indelevelmente suas vidas

Nunca na história daqueles dois ...
...o jornal de domingo foi tão compartilhado
...e a vida foi tão vivida
...e o gozo foi tão profundo

Confesso que vivi,
Muito mais do que sabia ser capaz ...

Aureliano Mailer também observa o Céu e a Lua

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Última Mente: Segundo Capítulo



Napoleão Bonaparte tinha critérios para escolher aqueles que iriam lutar ao seu lado e ajudá-lo na conquista de inúmeras regiões da Europa:


  • os inteligentes e medrosos eram preparados para serem generais

  • os inteligentes e impetuosos eram preparados para comandar os pelotões

  • os desprovidos de inteligência e bem mandados serviam para soldados

  • os desprovidos de inteligência e impetuosos eram imediatamente dispensados, porque só faziam m@*&$!!!!

Na empresa onde a auxiliar de escritório, quase suicida, conspirava contra sua própria vida, trabalhava um gerente que não seria admitido para participar do exército de Napoleão.

Quando menino tinha sido brigão.

Enquanto a rudeza pode lhe proporcionar triunfos pueris, foi vivendo.

Durante a adolescência os problemas começaram, seus amigos iam evoluindo e ele ficando.

Apesar de tudo, tinha um incomum instinto de sobrevivência.

Esse instinto foi capaz de guiá-lo num dilema existencial: opinar ou calar.

Dada à sua fragilidade intelectual, soube entender que a primeira opção o marginalizaria socialmente e a rejeição o jogaria em direção à violência.

Ficaria com a segunda opção mas, calar, o condenaria à insuportável segurança da sombra.


Entrou no ambiente profissional pela porta dos fundos.

Começou a namorar a filha de um gerente da confiança dos patrões de uma empresa bem sucedida.

Casou-se com ela e conseguiu ir ascendendo, degrau por degrau, repetindo o que falavam seus chefes imediatos.
Conseguiu domesticar sua antiga rudeza e impetuosidade, convertendo-a numa vontade irrefreável de saber a opinião dos que detinham o poder.
Saber o que eles falavam e saber o que eles pensavam, tornou-se sua obsessão.
Ouvia-os atentamente.
Longe deles, repetia as palavras como fossem ... suas palavras!
Tornou-se o mais bem acabado puxa-saco da empresa!
Nisso, era impressionante e, se sua trajetória tivesse terminado bem, seria uma lenda para gerações.

E os donos não sabiam, o que Napoleão sabia.
A empresa correria riscos no momento em que ele passasse a tomar decisões, sozinho.

Aureliano Mailer é mau escritor e abusado. Soube que o Chico B. pensou em fazer um romance, a partir de um encontro mundial de puxa-sacos em Londres. Soube também que seus editores insistiram para que ele buscasse o incomum. Uma capital pouco conhecida e ghost writers surgiram daí. Como quase ninguém por aqui conhece a cidade, fariam do exotismo da cidade uma razão extra para a leitura de BUDAPESTE .

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Elme Bastos comenta: É bonita, é bonita e é bonita.



Viveeeeerrrr !!!!!!
E nãão ter a vergonha de ser feliiiiizzzz
Cantááárrr, e cantááárrr, e cantááárrr !!!!
A beleza de ser um eterno aprendiiiiizzzz
Eu ssseeeeiiii, que a vida podia ser....
Bem melhor e será !!!
Mas isso não impede que eu repita,
MINHA MADRASTA...
É bonita, é bonita e é bonita !!!

Gente estou empolgadíssimo !

Recebi um conjunto de fotos diretamente de Papai Noel !
O email era do exterior, vindo diretamente do Havaí !
Muita praia de água azul, muitos coqueiros, saias de palha esvoaçantes, muito sol ...
Lembrei logo das nativas de Gauguin abanando o Marlon Brando, na praia !!!
E da cena de outra morena bonitona casando com Papai Noel...

Eu sei , lembrei! A carta dele irritado falando das “playmates” não tem nada a ver com casamento no Havaí!
Gente, vou falar pra vocês, quando na GLOBO, eu tenho o apoio de uma assistente continuísta, quando no FALO, sinto sua falta...

Então seria o contrário! Era o Gauguin abanando o Papai Noel e o Marlon Brando casando a filha viúva, cujo ex-marido foi assassinado pelo meio irmão dela.

Pode ser...

NÃO IMPORTA!

O que importa é que recebi por e-mail fotos de candidatas a madastras, diretamente de Papai Noel.
Eram poucas, mas todas selecionadíssimas, achei.
A primeira da lista era a Jennifer Aniston, do Friends.
Dispensei, para não contrariar meu pai, Brad.

A segunda, era a ex mulher do cara do Nirvana, a Curtney Love Cobain que também dispensei.
Eu e meu pai não estamos aqui, para recuperar a imagem manchada de ninguém.
Aliás, com essa indicação fiquei achando que as "playmates" ou o Papai Noel aceitam empurrar gente decadente, em troca de um jabá.
Eu e meu pai não precisamos de fama.
Já temos !
Precisamos é de uma madrasta bem bonita para meu pai esquecer da minha mãe, já disse a vocês !

A terceira foi a Juliana Paes.
Educadamente também dispensei.
Aleguei a pouca idade dela, não condizente com a do meu pai.
Sou discreto, não iria desvalorizar o produto nacional.
Jamais faria o que a mulherada anda fazendo, há dias no Antigamente e em outros bares, desde que o G1 publicou as fotos das celulites dela na praia.
Ô gente!
Como diria meu amigo Reynaldo, era tanta celulite que mal dava para reconhecer a pessoa !

Aproveito o assunto para dar a vocês um furo.
Sou próximo da Sheila, manicure da “personal divulgator” da Juliana Paes.
Ela contou ....
Vocês sabem como é papo de salão de beleza ...
Ela contou ..
Vocês querem saber ??????
Ela contou que a Juliana troca de marido, troca de novela mas não troca de “personal Photoshop retocator”.

A quarta da lista foi a que escolhi.
Tudo a ver com o meu pai e comigo.
Nem vi as outras, respondi correndo o e-mail e, 2 horas depois, recebi a foto que publico aqui para vocês.

Elme Bastos e Angelina, juntinhos!
Direto de Papai Noel, gente!

Junto com a foto fui informado que é só esperar até o Natal
Como a fila é grande, as “playmates” sugeriram que eu faça um depósito para o Papai Noel, num banco das Ilhas Seychelles.
E que, quanto mais eu depositar, mais chances eu terei!

Acho que vou me aconselhar com um pastor da Universal ....

Elme Bastos adorou a foto e a colocou em sua mesa de trabalho, na emissora!
Ao lado do lindo porta retrato, um copo com água e arruda pois, vocês sabem, tem muita gente invejosa porraí...

sábado, 15 de agosto de 2009

Papai Noel responde a Elme Bastos



Elme Bastos,

Se tem alguma coisa que me irrita muito, são criancinhas me escrevendo cartinhas melosas.
Primeiro, porque pela idade muitas não sabem escrever e os pais, geralmente as mães, fazem uma regressão idiota se fazendo passar por elas.
Depois pelos retratinhos que enviam, que geralmente são “qualquer coisa”.

Elme você acha, que assinar como Elminho e mandar essa fotinha onde você se parece mais com um filhote albino de orangotango, ia me deixar comovido?
Você errou e muito!

Estamos no verão no Hemisfério Norte, eu estou de férias e não gosto de ser incomodado nesse período.
Bilhetinhos imbecis como o seu, obrigam as minhas assistentes, todas ex-playmates, a deixar de me atender para pesquisar um pouco sobre quem está me escrevendo.
Elas são louras, lentas na compreensão e no entendimento, e acabam ficando muito nervosas porque sou exigente.
Tudo isso traz um stress absolutamente inadequado, em nossa idílica comunidade, e a tudo que me proponho a desfrutar nessa época do ano.

A pesquisa se faz necessária porque tenho alguns critérios básicos.
E ENTRE ELES: SÓ DAR PRESENTES PARA QUEM TEM GRANA!

NÃO! Não me diga que não sabia, Elminho!

Soube que você já passou dos trinta, morava na casa de seus pais até bem pouco tempo atrás e que é muito exagerado quando fala a seu respeito.

Porra Elme! Ficar mentindo para Papai Noel, dizendo que foi abandonado pela mãe e que é rejeitado pelo pai!

Ainda assim, fiquei refletindo sobre essas questões de veracidade na internet e sobre o que as pessoas escrevem a respeito de si mesmas.

Você me parece um homem do seu tempo!

Resolvi lhe dar uma chance, mas pare de mandar bilhetinhos babacas.

Aliás me diverti com suas estórias e acho você mais bem humorado do que a mulherada que anda escrevendo por aí.

Abraços

P.N.

Elme Bastos adorou a resposta de Papai Noel e continua sonhando com sua futura madrasta...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aureliano Mailer traz o Pensamento do Dia



Que mulher nunca comeu:

uma caixa de Bis por ansiedade,

uma folha de alface por vaidade ...

e um cafajeste por saudade?


Aureliano é mau escritor, sabe observar, sabe ouvir e conhece alguns cafajestes

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Elme Bastos comenta: Sou rejeitado pelo meu pai



Gente esses blog´s entraram numa de introspecção.
É problema pra cá, é acusação pra lá, é tanta lamentação que esse clima chegou no Antigamente, bar que freqüento, com alguma assiduidade, quando não estou gravando na Globo, com meu amigo Ricardo, o cara.

Eu, Elme, tenho algumas manias, um pouco de curiosidade, talvez.
Costumo abrir os papéis amassados deixados em baixo das mesas de bar.

Já li muita gordura, já li muita marca de batom.
Já li muito fiapo de costela de boi, em guardanapo de papel.

Já peguei muito nome de mulher com telefone, e, curiosamente, pouco nome de homem com telefone.

Encontrei também alguns bilhetes com o meu nome e telefone.
De início, pensei que era mais um dado positivo sobre minha fama, mas acabei reconhecendo minha caligrafia e isso me intrigou bastante...

A propósito, estou fazendo inclusive uma pesquisa tipo Tostines:
"Tem mais bilhete de mulher com telefone porque elas escrevem mais?
Ou tem menos bilhete de homem, com telefone, porque a mulherada leva os bilhetes, pra casa?"


Favor colocar suas respostas, nos comentários desse texto.

Ocorre que, como disse de início, ultimamente, tenho lido muito, muito recorte de horóscopo amoroso rasgado, muito bilhete de loteria vencido, muito xingamento tipo: “Vá se catar!”, muita despedida tipo: “Adeus... vou pra não voltar... e onde quer que eu vá... sei que vou sozinho!”

Esses bilhetes mais desesperados estão curiosamente, jogados perto do muro oposto ao bar, no fim de noite! Podem reparar!

E é com esse clima pesado nos blog´s e nos bilhetes, que resolvi publicar a foto de minha mãe quando nova.

E tudo isso porque acabo de descobrir lendo os blogs, que sempre fui rejeitado pelo meu pai!

Acho que é porque minha mãe nos deixou quando eu era pequeno.
Parece que se encantou com um motorista de ônibus de linha interestadual e foi morar na Bahia com ele.

E olha que meu pai se parece muito com o Brad Pitt!

Naquele filme sobre o Benjamin Button!

E descobri recentemente que ele me rejeita porque sou parecido com a minha mãe e isso parece incomodá-lo, bastante. Nisso eu dou razão a êle.
Quanto à rejeição, apesar do meu sofrimento, tenho fé.

Como sou otimista, acabo de fazer um desejo antecipado para Papai Noel, o bom velhinho. Entrei no clima e assinei no diminutivo, não reparem:
"Querido Papai Noel vê se me arruma uma madrasta bem legal, para meu pai esquecer da minha mãe e parar de me rejeitar.
Assinado: Elminho"

Torçam por mim!


Elme Bastos é completamente sem noção e leitor de papéis amassados jogados em bar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Última Mente: Primeiro Capítulo


“A Deus mundo cruéu”
Sem dúvida, seu bilhete de despedida começava tão mal, quanto ela terminava sua vida.
Ambos, bilhete e existência, cheios de erros primários.

Definitivamente, a Língua Portuguesa não era o seu forte.
Ainda assim, mesmo naquela situação crítica, ela não desejava se expor com um bilhete mal escrito.
Seu manual de sobrevivência social havia lhe ensinado a ser discreta e acompanhar o senso comum.
Naquele escritório, naqueles dias não houvera nenhum outro bilhete de despedida para acompanhar ou, discretamente, copiar.
Portanto ela estava desesperada, só e insegura com a gramática!
Mais com ela (a gramática) , do que com o conteúdo do bilhete e do que com o dramático gesto que se propusera a fazer.

Amassou o bilhete, recém iniciado, jogou-o na lixeira e correu para o banheiro antes que desabasse na frente dos colegas de trabalho.
Ao entrar, girou a tranca e iniciou um choro dolorido e descontrolado.
Algumas colegas bateram à porta, perguntando-lhe se estava bem.
Era óbvio que não estava mas, se recompôs e disse que sim.

Ficou um pouco mais de tempo, trancada.
Na pressa, não havia trazido o estojo de maquiagem e a alternativa para substituir a sombra escorrida pelas lágrimas, foi lavar o rosto.
Repetiu a operação várias vezes até que a vermelhidão dos olhos, também diminuísse de intensidade.
Assoou o nariz várias vezes, e retornou à sala junto aos demais colegas.

Questionada sobre o que acontecia, culpou uma briga passageira com o namorado e disse que já estava melhor.
Era final de expediente e ela em breve estaria longe dali , sem a pressão que aquela tarde no escritório lhe impusera.

De cabeça ainda baixa, abriu o Word e digitou:
A Deus mundo cruéu.
Os sublinhados sob as palavras se destacaram.
Clicou em Revisão e a seguir em Ortografia e Gramática.
Primeiro confirmou com Alterar em cruéu e a frase resultante: A Deus mundo cruel, ainda parcialmente sublinhada, merecia mais reparos.
A seguir, confirmou com Alterar em A Deus. O Word definiu: O Deus mundo cruel!
Insistindo um pouco mais tentou: Ou Deus mundo cruel!
A Revisão estava concluída, mas o resultado não a convencera...
Mais algumas tentativas e, finalmente, chegou a: Adeus mundo cruel!

Começou a rir do resultado alcançado e do alívio gerado.
Ergueu a cabeça e olhou em volta para confirmar que não a olhavam.
Abaixou-se, pegou o papel amassado na lixeira e, cuidadosamente partiu em pedacinhos minúsculos, a dramática frase tão mal escrita.

A pesquisa levara tempo suficiente para que o expediente terminasse.
Ela teve tempo de retocar a maquiagem, se despedir dos colegas que ainda estavam por ali e sair.

Aureliano Mailer é mau escritor, porém observador atento da alma humana.

sábado, 1 de agosto de 2009

Elme Bastos recomenda ao Comando Rosa: Como se comportar num bar


Mulheres,

Entendo que curiosidade é uma virtude.
É um estado de alerta da alma.
Essa virtude ornamenta voces que ficam ainda mais vivas, irriquietas, fascinantes.

Mas daí à deselegância de olhares múltiplos numa mesma direção, não!
Vulgariza.
Transforma minha admiração e meu olhar, para a alegria de uma mesa animada.

Meu julgamento muda, portanto.
Acabo reconhecendo a possibilidade de ser apenas um grupo menos...
interessante!

Tudo bem continua um grupo alegre, às vezes divertido, mas perde.
Portanto, sigam meu conselho, mirem-se no meu espelho.
Um olhar de Monalisa permite tudo e mantém a classe.

É assim que fico na minha mesa do Antigamente observo tudo, enigmático.
Podem conferir na próxima 5a. e 6a. feira.
Mirem-se no exemplo...

Elme Bastos se acha bonito e educado.
Considera importante orientar as mulheres sem noção que andam "porraí"

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Falando Sério



Não estou brincando, não.
Falando Sério não é nome de música romântica, não.

Eu fui convidado pelo Aureliano para escrever nesse blog, porque não sou do tipo que fala por falar.
Tá bom, eu sei, as aparências enganam!
Por isso quero compartilhar, um outro olhar que costumo ter, a respeito do que me cerca.

Um amigo espirituoso, se auto intitulava estar no lado “gauche” da vida.
Eu secretamente me sentia mais “gauche” do que ele, ainda que na época não fizesse o menor sentido dizer isso para ele.
Mas comprovei isso em teste jornalístico no saudoso JB.
Já tive Fiat 147 enferrujado.
Já passei férias em Cuba.
Já usei barba afirmativa.
Já fui à reunião política onde todos os homens, sem exceção, usavam barba (aí achei um saco ser mais um, no meio de todos e nunca mais compareci).
Já chamei muuuiiitttoooo a paixão da minha vida de companheira.
Já andei na direção contrária só porque todos andavam em outra direção.

Posso contar dezenas de situações em que me vi pensado diametralmente diferente de quase todos à minha volta.
Já me vi tão deslocado que queria desaparecer.

Pois é, tenho sobrevivido e tento não ser insuportável como o Diogo Mainardi, que odeio, mesmo quando fala mal do Chico Buarque.

Pois é, falando sério odeio também a imprensa do oba-oba, contra ou a favor.
Odeio os puxa-sacos.
Odeio a mesmice.

E estou sempre atrasado no tempo.
Eu gosto dos Rolling Stones
A propósito não sou pró PSOL, mas gostei do programa deles de hoje no meio do JN.
Fazer o quê...
Elme Bastos é um pouco auto centrado, fazer o quê!

domingo, 26 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Eu era neném, não tinha talco ...


Assim como o Simonal, mamãe passou açúcar em mim.
O retrato que publico, simboliza meu lado musical, minha descontração e elegância e reforça minha incrível semelhança com o Antonio B. .
Sinto que aos poucos os leitores desse blog, vão me conhecendo melhor.
Na última quinta-feira, estive circulando no centro nervoso do Rio de Janeiro.
Dei um tempo no “Antigamente” entre 18 e 19 horas e o comentário em muitas mesas era o mesmo...
Olhaaaa! Aaaalllliiiiii! É o Elme Bastoooosss!
As mulheres com aquela indiscrição que lhes é peculiar quando estão em bares bebendo, olhavam todas, em minha direção ao mesmo tempo!
Tenho um olhar de MONALISA enigmático, meio de lado, muito adequado, para essas situações.
Apliquei-o, portanto, enquanto saboreava os primeiros degraus da fama.

A propósito, uma leitora recentemente me prestou uma homenagem comentando e cantando:
Elme amo!!!
Elme adoro!!!

Desde então eu me vejo cantando, sem mais nem por que:
... eu não consigo, viver sem mim!!!!


Elme Bastos, para quem ainda não sabe, é autocentrado e sem noção!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aureliano Mailer aconselha: Leitora Insegura que comprou Animal de Estimação em sex shop



Primeiramente, quero lhe dizer que nós, homens, não gostamos de concorrência!
Ficou claro?

Continuo, só para esclarecer, que a sua amiga loura ou é muito espirituosa ou deve ter mijo na cabeça!
Diz pra ela que Criado Mudo é onde a avó dela guardava o penico, ao lado da cama.

Querida, você tem posses?
Então aceite a aproximação de outro canalha, vai se fácil.
Se quiser, lhe apresento vários amigos ...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Leitora insegura manda outra carta para Aureliano


Querido Aureliano seu jeito franco e direto pode me tirar do buraco em que me encontro...
Meu namorado estava me enrolando há meses.
Até aí nada demais não era a única.
Cinco em cada oito amigas solteiras passam ou passaram por isso.
Das três que sobraram, duas resolveram juntar os trapos.
E última mente, descaradamente, entende?

Pois bem, ele me aprontou mais uma.
Tirou férias e viajou, em período que eu não podia ir com ele.
Disse que foi sozinho.

Só que eu desconfiei dele, entende Aureliano?
Na viagem, as fotos que ele me mostrou ou foram de paisagens ou ele estava sozinho, sorrindo escancarado.
Nessas prestei muita atenção na sombra de quem o fotografava.
Em muitas delas, era visível que a sombra tinha cabelos compridos.
E a mesma sombra, esteve em várias cidades diferentes fotografando ele, Aureliano!
Fui pressioná-lo e aí, além de negar, ele começou a dizer que eu estava pegando muito no pé dele.

Enchi o saco!
Comprei um animal de estimação.
Numa sex shop!
Nunca me senti tão poderosa!
Uma amiga minha loura deu até apelido para o bichinho: Criado Mudo!
Você acha que estou certa?
Aureliano é mau humorado e macho paca, às vezes publica cartas que recebe e às vezes comenta.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Elme Bastos comenta: Você ... precisa saber da piscina!



Fui viajar a trabalho.
Como de hábito, de ônibus.
Às vezes durmo, às vezes cochilo.
Dessa vez fui zapeando meu Ipod.
Atualmente, são quatrocentas e tantas músicas
Quase todas tendo muito a ver comigo
Outras, tendo muito a ver com amigos que me passam seus arquivos ou emprestam seus cd´s.
E lá fui eu, a duzentas milhas daqui ...
Fui mais longe que Djavan, portanto.
Que esteve a dezenas de milhas daqui...
CENTENAS DE MILHAS! - me corrigirão!

Pensei muito nos meus amigos, na minha mulher, na minha vida.
Pensei que a vida da gente é um mosaico de coisas,
E de músicas e de letras.

“Como que será o amanhã, responda quem puder”
Fiquei com pena de quem ainda não cantou no banheiro:
“Beibiiii, beeeibiii, aaai lóóóviúúú...”
E para os que foram a Macaé de Cima vou puxar um côro:
“Môôôççççááááá......”
Sacaram a importância de "saber da piscina"?

“Sentimental eu soôôuuu...êêêêuuu soôôuuu aaaaááááÁÁÁSSS I I I IM M M!!!”

Elme Bastos é autocentrado, por isso faz questão de publicar seu retrato, ao lado do texto.
Diz que o Aureliano é amigo dele.
Diz que o Rogério também é mas, no caso, anda sumido.
Diz que o Ricardo também é mas, no caso, está na “térinha” com a “filinha” ...
Diz que... (mas ele fala demais, gente!)

sábado, 18 de julho de 2009

Elme Bastos Comenta: Make rugas, not Botox!


Tem muito bottox em Ipanema!
Tem muita plástica em Ipanema!
Tem muita botocuda em Ipanema!

Ouvi ontem, de uma amiga, uma defesa lúcida e consciente a favor das rugas.
Do quanto um rosto maduro revela a vida que a pessoa teve.
E do quanto isso é belo de ser apreciado.
Lembrei-me imediatamente da foto de Ferreira Gullar em recente matéria de capa da Época.
Aquela imagem vale por mil palavras.
Se Wadson Santos, canalha conhecido desse blog, estivesse conosco diria - "Seu rosto, seu cartão de visita!"

Há 2 semanas atrás vi um casal em Ipanema que não esqueci.
Era um senhor no auge dos seus 70 anos, cabeça branca, uma barriga comportada, uma roupa adequada. Estava bem vestido.
Ao seu lado uma mulher estranha: rosto róseo, com pele lisa e lábios grossos.
Certamente, seria sua antiga esposa, repaginada.
Ocorre que aquela senhora não combinava mais com ele.
Os cabelos envelhecidos dela, não combinavam mais com seu rosto inexpressivo e liso.
Olhei a seguir para o casal .
Estavam de mãos dadas, sem carinho e estranhamente afastados. Fisicamente afastados.
Visivelmente afastados, aos meus olhos observadores.
E o rosto sem rugas e sem marcas dela não revelava quem ela poderia ter sido.
Quem sabe até mesmo para ele.
Pior, quem sabe até mesmo para ela!

Os sisudos, os arrogantes, os leves, os engraçados revelam no rosto a vida que tiveram, que puderam ter e que escolheram ter.

Aquela senhora escolheu apagar seu passado.

É obvio, Elme!


Elme Bastos é colaborador episódico desse blog.

É autocentrado por isso faz questão de publicar seu retrato, ao lado do texto.
Fez plástica para ficar ainda mais parecido com seu ídolo de macheza e virilidade, Antonio Banderas.

Por ser inseguro, gostaria de saber se nossos leitores também o acham parecido com seu ídolo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada – Epílogo


Apenas um ano depois da loura alta entrar no meu escritório, nos casamos numa cerimônia simples, em Juan-les-Pins. Tínhamos resolvido nos mudar para a Riviera Francesa.

Eu, de minha parte, para garantir o investimento no assunto, registrei o contrato matrimonial no consulado brasileiro, em Nice.
Ela, para nos capitalizar, vendeu sua parte no Hotel Saint Paul – Brasília.
Era preciso esquecer Brasília e algumas lembranças que guardávamos do Brasil.

A personagem Mary Holanda era uma delas.
Mary, enquanto Marialva fazia ponto no hotel da família Swanson, em Brasília. Habilidosa, aproximou-se do futuro marido, único herdeiro de toda a família.

Eram 2 irmãos donos de tudo.
O mais velho havia morrido, deixando para a esposa e o filho, a sua metade de todos os bens da família. O outro irmão era viúvo e não tinha filhos.

Marialva soube da estória e soube convencer o único sobrinho-quase-herdeiro que, casando-se com ela e tendo um filho, ele convenceria seu tio, de que era homem de verdade e que daria continuidade aos Swasons. Com esse arranjo, se tudo desse certo ele ficaria com ¾ de tudo e sua mãe, com apenas ¼. Marialva deixou claro na ocasião para o sobrinho-quase-herdeiro que ela era suficientemente pragmática para conviver com as preferências amorosas dele, mas aconselhou-o que fosse muito discreto, principalmente com o tio, com a mãe e com os amigos mais próximos de ambos.

Apesar do arranjo entre Marialva e seu parceiro aparentar ser sólido e de ter sido reforçado, primeiro, pelo casamento e, depois, pelo nascimento de um menino, o sobrinho era péssimo em dissimulação.

Ainda em vida, o tio resolveu fazer o testamento.
Nele, não destinou nada ao sobrinho.
Deixou tudo para seu sobrinho neto, filho de Marialva, que a essa altura passara a se chamar Mary Holanda Swanson!
Surpreendendo a todos que sabiam do valor envolvido, Mary e o marido, pai de seu filho, com a morte do tio seriam gestores da metade da fortuna da família até que o menino atingisse 26 anos. Ela e seu marido teriam 3/4 das cotas e a sogra teria que engoli-la, com véu e grinalda.
Mary gargalhava só de imaginar circulando por Brasília e pelo mundo de longo e a sogra, de tanga.

Era óbvio o que Mary Holanda Swanson tinha em mente, quando veio me procurar.
Sua preocupação não era saber se o marido a traía, mas ela sabia que a sogra ia tirar-lhe tudo caso conseguisse provar que o menino não era sobrinho neto de seu recém-falecido-cunhado!
Por isso Mary tinha tanta pressa...

Eu e Mary viramos amantes, mais por ela do que por mim, podem acreditar.
Eu sentia no ar, o risco que corria.
Eu já tivera a experiência de ter sido usado por mulheres ensandecidas por vingança, por abandono ou por desamor.
Eu já tivera a experiência de ter sido usado por mulheres ensandecidas por dinheiro!
A VÍTIMA É SEMPRE ATRAÍDA PELO OLHAR DA COBRA!, lembrei.
No caso, se eu não tomasse cuidado, eu também seria engolido, na hora em que isso fosse necessário.

Num de nossos encontros, Mary contou-me que poucos meses após o testamento ser registrado em cartório, o tio adoeceu e veio a falecer.
Suspeitei que ela e o marido-sobrinho-quase-herdeiro estivessem envolvidos nisso. Coloquei “pessoa minha” para investigar e, em 6 semanas, foi possível começar a ameaçar o casal com telefonemas anônimos. Devo isso a Bê-Pê, uma amiga que trabalha em educação, mas que podia ser detetive policial.

"Um dia eu lhe pago, Bê-Pê, com juros!"

Advogando para minha promissora cliente, vendi seu carro e com o dinheiro renovei perte do meu guarda-roupa, rapidamente.

Minha aparência, meu cartão de visita, sempre repito.
A outra lembrança que queríamos esquecer foi a morte do marido de Mary.
O marido-sobrinho-quase-herdeiro foi assassinado por um garoto de programa num motel da Barra da Tijuca, após terem tido relação.
Como eu escolhi o motel, as câmeras filmaram a fuga do suspeito e, com o esperma recolhido na vítima, seria fácil encriminar o rapaz.
O rapaz estava apavorado, não lembrava do que acontecera, mas acordara com um “38” em sua mão, com uma cápsula deflagrada, e ao seu lado na mesma cama, o marido-sobrinho-quase-herdeiro-agora-morto.
O cafetão do rapaz, que me devia favores, lhe aconselhou a fugir para Tocantins, até que tudo se acalmasse.
Obviamente, não havia filmagem e o policial que me ajudou com tudo, levou U$ 10 mil.
Na ocasião, a sogra tinha certeza de que minha cliente poderia estar por trás da morte do filho, mas convenci-a a evitar escândalos, a abafar as condições peculiares da morte através de meus contatos e enterrá-lo mantendo as aparências.
Lembrei-a que eram mais de U$ 50 milhões em jogo, que poderiam ficar indisponíveis até os 26 anos do menino. Todos perderiam com isso, possivelmente ela também.
Com a morte do filho, metade das posses da família passariam a ficar sob a guarda de Mary!
Enquanto a convencia, descobri seu ponto fraco ...
Enquanto isso, Mary passou a representar uma ameaça muito grande para o futuro que desenhei para mim.
Éramos cúmplices, mas sua situação era muito frágil.
E ao conhecer sua sogra, percebi até onde eu podia chegar.
Bastou dizer-lhe que o testamento do ex-cunhado estava comigo ...

Um juiz, que escolhi sem que Mary soubesse, exigiu exame de DNA do menino.
Muito mais do que supunha a sogra, o garoto não era filho do filho, nem filho da mãe.
Mary acabou me confessando, que havia arrumado uma criança clarinha num hospital dirigido por freiras, em Curitiba.
Desmascarada e chantageada pela sogra, aceitou ficar com apenas U$ 100 mil, para não ser acusada como mandante do assassinado do marido-sobrinho-quase-herdeiro.
Evidentemente, o acordo financeiro a que chegou com Mary foi intermediado por mim, que fiquei com os honorários combinados e com a maior parte dos U$ 500 mil do acordo.

Recentemente soube de Mary.
Ela voltou para Brasília e mudou de nome.
Como perdeu a juventude tão apreciada pelos calhordas de Brasília, deixou de ser chamada por lobistas para ser “acompanhante de autoridades”.
Voltou a ser morena. Com a ajuda de um deputado cujo nome não quis revelar chegou a dar, recentemente, uma entrevista para a Revista Piauí, como a inocente coletora de assinaturas Janileny Vieira.
Aos incrédulos, recomendo a matéria publicada com ela: http://www.revistapiaui.com.br/edicao_34/artigo_1088/Deputado_nao_resiste_a_oncinha.aspx
Dizem que ainda participa de festas no mesmo hotel, onde conhecera seu falecido marido.

Eu por outro lado, fiz a escolha certa.
Ela é somente alguns poucos anos mais velha do que eu.
Ela não sabe que sei, a sua idade verdadeira.
Sei também outras coisas a seu respeito, que por hora não preciso revelar.
Há hora certa para tudo, aprendi a dizer...

Sempre tive uma queda, pelas mulheres mais velhas do que eu.
Sempre me dei bem com elas.
A ex-sogra de Mary é loura de verdade, muito tratada e aparentamos a mesma idade.
O perfume que usa é o melhor que jamais senti, em toda a minha vida de canalhice.

Lembro bem, que ao entrar naquele jogo de pôquer e pedir 3 cartas, não fazia a mínima idéia que ia quebrar a banca.

A cartomante bem que me disse que minha vida ia mudar...

De lá para cá, raspei o bigode, deixo o cabelo bem curto.
Larguei o anel de advogado no escritório, ao lado do diploma que tinha mandado falsificar.
O relógio, uso descontraído no pulso direito e no esquerdo uma fita do Senhor do Bonfim, saravá!
Se minha mãe estivesse viva e visse essa minha foto ao lado da minha esposa, ex-sogra da Mary, diria: “Êta, moreno arrumado!”

Quando morrer já tenho os dizeres para a minha lápide: “Monsieur Wadson Santos, nasceu pobre em Itaúna, viveu rico, em St Tropez”

Ô revuá, Ipanemá!


FIM

terça-feira, 7 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada – Cap 7 (continuação)

O garçon trouxe mais 2 taças sem que pedíssemos.
Bebemos em silêncio.
Nas telas de TV de plasma 42” um show com blueseiros fazia o fundo musical. Nada que atrapalhasse a conversa.

“E quanto ao pro labore?”, perguntou-me.
“Bem, preciso pesquisar quais são os bens da família, ver registros em cartórios, certidões. Posso cobrar-lhe de início 6 mil e a medida que algumas despesas apareçam, você vai me pagando também”
“Não posso, o que tenho são algumas jóias da família dele, vou tentar vendê-las e lhe falo.”
“Veja bem Mary, as questões reais quase nunca são como as desejamos”, era um toque para checar suas convicções.
“Wadson, vá na internet procure St.Paul Plaza Hotel, em Brasília, é da rede deles! Eu tenho uma Pajero 2004, se quiser fique com ela, venda, faça o que quiser, mas me ajude!”, começando a chorar.
Amoleci, profissionalmente falando.
A cliente estava irresistível, tinha grana em potencial e eu não posso ver uma mulher bonita chorar.
Me aproximei dela, passei a mão em seus cabelos, senti de perto o seu perfume.
Apesar dos pequenos sinais de decadência, Mary usava o melhor perfume que já sentira.

“Posso pedir mais 2 margueritas?”
Ela assentiu com um gesto de cabeça.

Percebi que poderia estar entrando numa furada, mas qual homem solteiro resistiria àquela bela mulher que mentia como poucas?

Estava entrando numa rodada de poker com um 7 e um 8 de espadas na mão, fiquei com elas e pedi outras 3 cartas ...

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 7

Escolhemos um bar discreto, com luz fraca e música em volume baixo.
Poderíamos conversar.
Ela pediu um “margherita”. Decidi acompanhá-la, disposto a selar uma trégua, após o embate no escritório.
Os drinks chegaram.
Ergui minha taça e perguntei: “ Temos algo a brindar? Quer sugerir?”
“Sim, quero brindar o término das dissimulações, das meias palavras! Um brinde à objetividade!”
“Wadson, de agora em diante, me chame de Mary, simplifica o tratamento e eu gosto que me chamem assim”.
“Perfeitamente, mas porque essa mudança?”
“Gostei do seu estilo, você é um jogador, deu sorte e acertou bem mais do que errou”, disse-me sorrindo e completou, “eu preciso de sorte, a vida é um jogo de azar”.
Devolvi o elogio com o meu melhor sorriso.
Com as pontas dos dedos puxei os fios do bigode.

“Mary é preciso conversar sobre os meus honorários, se de fato pretende que eu vá assistí-la.”
Enquanto ela me olhava, prossegui: ”normalmente, trabalhamos com um percentual sobre o que conseguimos para a cliente e para iniciar o trabalho cobramos um pró labore”.
“Wadson, porque você falou em trabalhamos ... conseguimos ... cobramos ...? Pretendo tratar de meus assuntos com uma única pessoa, com aquela que EU ESCOLHER, para defender OS DIREITOS que eu acho que tenho”, Mary mostrava-se mais uma vez, muito decidida.
“Não! Esqueça! É apenas um jeito de falar!”, disse-lhe.

“Mas saiba que na justiça, não se age sozinho. Se fosse assim aquela minha cliente não estaria solta, não haveria cobertura na imprensa e você não estaria aqui.”
“Sim eu posso imaginar perfeitamente, mas não é disso que estou falando”.
“Só quero falar das minhas questões pessoais a uma única pessoa, que estará dedicada, será discreta e comprometida com um sigilo absoluto. Entendeu?”
“Perfeitamente, para mim é simples, porque no escritório não tenho sócios”.

“Pois bem, que percentual é esse?”
“Quatro por cento do que lhe couber, na ação que moveremos, digo, moverei!”
“Bem, eu calculo que mãe e filho tenham um patrimônio de 20 milhões ou mais, entre bens e ações da rede de hotéis que possuem. Eles tem sócios, mas são majoritários em todos os negócios que tenho conhecimento.”
“Mary, pode ser que tudo esteja em nome da sua sogra. Nesse caso havendo o divórcio muito pouco lhe caberia.”

Ela fez uma pequena pausa.
“E se eu lhe dissesse que o patrimônio deles está muito acima de 100 milhões?”
“Nesse caso eu lhe diria que é improvável que tudo esteja no nome dela, a menos que seu marido seja juridicamente incapacitado”.
“Mary me diga uma coisa, a sua sogra é de família rica ou é assim, como eu e você?”
“Não sei, tive pouco contato com ela, ela me evita.”
“Procure saber, precisamos identificar seu ponto fraco. E o neto?”
“Ela sabe que o filho dela não gosta de mulher. Sempre disse na minha cara que meu filho não é neto dela. Agora o menino está crescendo e não se parece nadinha com o meu marido...”

Sorrindo-lhe com malícia falei-lhe: “Mas Mary, é só solicitar a um juiz bem escolhido, que comprove a paternidade do pai, através de um exame de DNA!”
“Wadson, você acha que fui atrás de você porque? Não posso acreditar que você vai abrir mão dessa oportunidade?”
“Dessa CAUSA, você quer dizer.”_ retruquei.
“Está bem, dessa CAUSA, se você preferir”

Brindamos, novamente, e viramos de um só gole, o que restava de nossas taças.
Não era coincidência ...

domingo, 5 de julho de 2009

Notícia do Dia

Meus amigos, essa noite tem lua cheia!

Aqui estamos nós, que nos deixamos fotografar cantando com nossos amigos.

Afinal, lembrando Maurício Mattar, para que servem as noites de luar?


R - Para cantar e compor!




Nós do Falo, dedicamos às nossas queridas amigas, às nossas leitoras assíduas, uma música para aquecer seus corações nesse inverno. O Otis, amigo nosso e do CK, nos chamou para fazer o backing vocals. Estamos com ele, em outra gravação mais recente, mas fiquem com essa, que também é boa ...



Wood, Stock e os amigos do Falo Explícito




sábado, 4 de julho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 6

A segunda-feira era o dia de descanso meu e da minha coroa. Ela não abria o trailer apesar da reclamação dos clientes habituais. Íamos à Praia da Urca com águas calmas e vista impressionante. Levávamos um farnel com sanduíches e alguns pastéis, coxinhas ou risoles que sobravam da véspera. A cerveja comprávamos de ambulantes e a CONTIGO, leitura de fé da minha coroa, era sempre comprada na banca da D. Célia ao lado do ponto em que saltávamos. A banca era quase em frente à casa do Rei, Roberto Carlos. Minha coroa sempre perguntava por ele à D. Célia. Vez por outra ganhava uma confidência do tipo: ”Ontem, o motorista dele comprou todas as revistas que traziam matérias sobre o show que fez no Copacabana Palace!”. Às vezes outras mais picantes como “Mandou comprar a Preibói nova. Ele ficou viúvo. É muito solitário, sabe como é...”.
Minha coroa dizia que era louca pelas músicas dele, mas homem para ela era o Valdick, o Tarcísio Meira e o mulatinho querido dela, eu, Wadsonzinho.
E tinha também o tal de Zé/Zeca/Zézinho mas esse e nunca soube quem era.

Eu já tinha ganhado corpo, eu nadava, aprendera a fazer exercício com peso com os coroas do Aterro e tinha virado um moreno bonito, sempre queimado de sol. Meu cabelo era bom, ondulado e meus olhos eram castanhos claros. Apesar da minha origem muito humilde, o mundo novo que se abria para mim sugeria que talvez eu conseguisse entrar.
O curso noturno na faculdade de direito no Centro reforçava esse pensamento.
Ainda assim, minha autoestima masculina estava muito longe de ser, o que hoje ela é.
Eu era o aluno mais novo do meu ano e me vestia com roupas muito simples. Nunca percebia olhares interessados das alunas mais velhas da faculdade. Estavam quase sempre exaustas. Pra quem não sabe, curso noturno no Centro é de gente batalhadora da periferia que trabalha o dia inteiro e deixa de fazer refeição pra pagar a faculdade. Gente que dorme no ônibus e que come a quentinha, escondida na cozinha do escritório.

Era o início dos anos 80, meu sonho de mulher era a India Potira, em preto-branco-e-cinza, no Programa do Chacrinha. O “Brasil do Milagre” era muito mais desigual. A TV colorida só pegava na casa dos ricos e na vitrine das lojas de eletrodomésticos.

Aquela segunda-feira porém era especial, pois na terça encontraria a cartomante em sua casa às 13:00.
Fiz questão de ficar deitadão na esteira para pegar um bronze.
Minha coroa, ao meu lado, besuntada de bronzeador barato, com água oxigenada para clarear os pelos das pernas e entretida com a CONTIGO, estava feliz.
A tornozeleira de ouro refletia o sol de meio dia e o esmalte mal pintado nas unhas do pé aparecia, mesmo entre os grãos de areia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O falo explícito é lícito?

respondam a pergunta:

o falo explícito é lícito ou é o comentário contrário?
será o falo contrário ao ilícito comentário?
se o mesmo falo contraria o explícito,
quanto mais a literatura...


move-se, cria-se e cresce
onde o falo perdura

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Associated Press: Michael Jackson dies at 50

michael jackson fenômeno do pop mundial morreu midiaticamente na tarde de ontem de parada cardíaca enquanto brasileiros voluntaria e involuntariamente desocupados ainda comemoravam a vitória suada da seleção brasileira sobre a áfrica do sul gol de daniel alves de bola parada aos quarenta e dois minutos do segundo tempo colocou o brasil na final com os estados unidos no próximo domingo às quinze horas e trinta minutos horário de brasília mobilizada com a crise no senado cujos atos secretos favorecem parentes amigos e aliados do presidente da casa senador josé sarney não compareceu à sessão de ontem pedro simon pediu em tom dramático seu afastamento quando morreu midiaticamente michael jackson fenômeno do pop mundial de parada cardíaca enquanto daniel alves de bola parada colocou a crise no senado parentes amigos aliados da casa em tom dramático michael jackson pediu seu afastamento

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Notícia do Dia

"Capitão!!!! Michael Jackson pediu pra sair!"
"Ôôôô 01..., tá querendo me fudê?"
"E os ingressos que nós compramos para assistir juntinhos o show, em Londres?"
"Fala baixo, meu capitão..."

Cap. Nascimento e 01, amigos do blog, ainda descontrolados, depuseram.

Pensamento do Dia

Maicon Jécson é o caralho!
Meu nome é Zé Pequeno!

Zé Pequeno, amigo do blog, escreveu.

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 5

Decidi impressionar minha futura cliente.
Era um risco mas, se acertasse, facilitaria as coisas para mim.
A VÍTIMA É SEMPRE ATRAÍDA PELO OLHAR DA COBRA!, lembrei.
Muitos golpistas, com quem convivi, já tinham falado a respeito.

"Senhora, já percebi que está decidida a muitas coisas.”
“Me corrija se eu estiver errado, mas se houver provas de adultério contra seu marido, a senhora pretende o divórcio, não é isso?”
“Além do poder de seu marido, sua sogra é mais poderosa do que ele e a senhora ainda não sabe como atingi-la, estou certo?”

Ela estremeceu.

“Wadson, como pode ser assim tão frio e observador. Por acaso, o senhor sabe quem eu sou?”.
Observei que, pela primeira vez, ela tinha falado meu nome.
“Não, senhora.”, disse-lhe.
“Tudo o que acabo de lhe falar, foi possível entender do muito pouco que ouvi.”
“A senhora tem um problema muito sério, muito delicado, que envolve sentimentos muito íntimos e reservados, mas que também envolve dinheiro. E...”, fiz uma pausa, “... pela sua aparência e elegância, o dinheiro envolvido não é desprezível.”

Me senti dominando a situação mas, enquanto eu falava, ela havia se recomposto. Por excesso de confiança, eu tinha baixado a guarda e iria pagar por isso.

“Estou impressionada com o que o senhor acaba de me falar.”

Acusei o golpe, mas não me fiz de rogado.
“É que eu conheço um pouco da natureza humana.”
Prossegui, “essa é uma frase de Balzac, foi apenas uma citação, não me queira mal.”

“Claro que não”, disse-me.
“Wadson, eu percebi sua preocupação em aparentar mais do que é. O cinzeiro de cristal baccarat, a citação de Balzac, as unhas feitas e o curso de inglês, em nível tão elementar, formam um conjunto harmonioso para qualquer advogado canalha.”
“Aliás, citando Nelson Rodrigues, TODO CANALHA É MAGRO!”
“Coincidentemente percebi, também é o seu caso.”

Ela conseguira me jogar nas cordas.
Poderia acabar comigo, virando as costas e indo embora.
Se ficasse, seria por causa de seus óbvios interesses, mas não me respeitaria e dificilmente eu estaria advogando para ela quando, por ventura, pusesse a mão no dinheiro.

Busquei uma saída. Uma frase que invertesse aquela situação desfavorável. Se aquela contenda fosse num ringue, naquele momento, quaisquer três juízes que não estivessem comprados de antemão dariam vitória à loura, por unanimidade.

Pensei num gancho de direita que poderia derrubá-la, fazendo com que eu ganhasse a luta.
Ou num golpe certeiro no fígado, fazendo-a sentir dor e, a partir daí, temendo outros golpes mais duros, eu conseguiria levar a luta até o final.
Se isso acontecesse ela me respeitaria. Face ao estrago que já tinha me feito, eu a respeitaria também.
Optei pela segunda tática e contra ataquei, ainda nas cordas.
Intencionalmente tratei-lhe pela terceira pessoa.

“Eu sei que você está sendo humilhada!”, conseguindo que ela recuasse.
“Sua bolsa Louis Vuitton está com o couro soltando na parte inferior”, acertando-lhe o fígado.
“Seus óculos Gucci já saíram de linha há pelo menos 5 anos!”, levando-a para o meio do ringue.
“Se quiser, eu posso ajudá-la, mas você vai começar dizendo o seu nome!” , parando de fustigá-la.

Para a minha surpresa, ela foi além.
“Meu nome é Maria Holanda Swanson. Swanson é da família do meu marido.”
“Mas meu nome de registro e verdadeiro é Marialva Santos”, completou.

Soou o gongo, a luta terminara.
Empate!

Entendi que seria a melhor ocasião para oferecer-lhe um drink.
“Olha", disse-lhe, "no frigobar tenho refrigerante, água mineral, soda, gelo e vodca importada. Tenho tambem uísque escocês e “John” Daniels. Aceita alguma coisa aqui ou aceita um convite para um drink, num bar próximo daqui?”
“Acho que um bar próximo, seria muito bom.”
“Posso usar seu banheiro?”
“Claro, sem problema.”

Aproveitei para examiná-la enquanto se afastava. O salto muito alto tirou-lhe um dos adjetivos que lhe dera, alta.
Os peitos com silicone, os lábios grossos demais e o quadris largos indicavam que não era loura.
Nem fudendo!

Abri a gaveta de minha escrivaninha, peguei o espelho redondo: de um lado normal, do outro aumento, para espremer meus cravos.
Minha aparência, meu cartão de visita, sempre repito.
Ajeitei o cabelo rapidamente, joguei na boca duas “Valdas” e fui fechar a janela, enquanto a aguardava.

Já havia escurecido.
Descemos, escolhemos o bar e entramos.

Aureliano Mailer escreveu.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 4

Naquele fim de semana, depois do encontro no trailer com a cartomante e sua amiga, minha cabeça não parou. E continuou me atormentando por toda a noite, até que comecei a lembrar-me do meu passado.

Fui um aluno razoável na escola de 1º. grau em que estudava.
Minha mãe era muito severa comigo e com minha irmã.
Como eu era muito magro e franzino as merendeiras da escola passaram a cuidar de mim, a deixar que eu levasse sobras pra casa e a me fazer agrados. Eu retribuía com um sorriso que funcionava.
“Olha Maria, que guri estropiado!” e me abraçavam com fartura.
Como eu era pequeno, muitas vezes durante os abraços, eu me via com o nariz e as órbitas dos olhos enfiadas no meio daquela peitança, coberta pela blusa suada delas.
Com as professoras não era diferente e em troca da atenção, fazia os deveres e colaborava com elas.
Ganhava lápis, caneta BIC e, às vezes, um beijo com marca de batom.

Minha mãe era muito franzina e não se pintava nunca. Usava saias compridas, frequentava uma igreja batista e me obrigava a ir. Diziam que eu era parecido com ela.

Portanto, meus sonhos eróticos ficavam com as mulheres da escola. Tive muitos sonhos em que eu acordava suado, sufocado com os peitos da merendeira mais gorda ou esmagado pela professora da bunda grande. Na época, não sabia o que fazer com o assunto e minha irmã, 4 anos mais velha. Nunca se propôs a me ensinar nada a respeito.

Ser abraçado daquela maneira pelas mulheres, eu nunca esqueci.

Depois dos 9 anos comecei a me soltar, a ficar até mais tarde na rua, a viver com qualquer moleque do meu bairro. Depois dos 13 anos comecei a crescer, a querer bulinar as amigas de minha irmã, a experimentar todas as coisas possíveis para dar prazer à minha mão e ao meu pau.

Até ir viver com a coroa, a minha vida sexual era igual a de todo mundo do meu bairro em São Gonçalo. Tirar sarro com as minas do bairro, transar de vez em quando com a Laís, que era magrinha, ossuda, mas era a única que dava pros meus amigos e pra mim. Ficar sonhando em sair com as popozudas, mesmo sabendo que elas só estavam afim de quem lhes pudesse bancar algum, um papelote, um rolé de moto ou uma blusa de shopping, sei lá.

Quando chegou a época do alistamento compareci com falta de peso e fui recusado sob a alegação de excesso de tropa. Minha mãe ficou desolada, sem saber o que fazer comigo. Pedi-lhe mais uma vez para conhecer meu pai e ela disse-me que era para eu esquecê-lo, que ele era muito rico e ele não ia querer saber de mim.
Conclui o 2º. Grau tentando ainda agradá-la.
Porém, na semana antes do Ano Novo, conheci a coroa e passei com ela o Réveillon, vendo os fogos do Aterro do Flamengo.

Enquanto isso, minha irmã tinha virado popozuda com tudo o que isso representava na periferia.

Minha coroa era estribada, nortista, dente de ouro na frente, celular na cintura e perfume barato no pescoço. Ela era rude, tinha muito mais dinheiro do que qualquer pessoa com quem eu tivesse convivido até então. Dava um duro danado e me ensinou a correr atrás, que nem ela, para poder usufruir daquilo tudo. Ajudei-a no que pude, arranjei mais fregueses, conseguia no papo diminuir a propina pra fiscalização e com os PM’s que nos davam cobertura fiz amizade que nos custava muito pouco. A coroa sabia reconhecer o quanto lhe ajudara na responsabilidade e no coração.
À noite, quando se deitava comigo, era carinhosa. Gozava com muito esforço, mas, quando conseguia, se ajeitava toda a meu lado, seu corpo amolecia e me chamava de Zé, meu Zezinho, Zeca e enfiava a língua no meu ouvido.

Várias vezes tentei corrigi-la dizendo que meu nome era Wadson, mas com o tempo me acostumei. Sem dúvida ela não me lembrava as merendeiras com quem eu sonhara.

Depois de muito tempo, contei-lhe a história do meu pai, que era rico e que eu não conhecia. Ela não pareceu se surpreender. Tempos depois me falou da faculdade de direito, que eu deveria me inscrever e cursar, para somente então, já formado, me apresentar diante de meu pai.

Assim que pude, fui a São Gonçalo visitar a minha mãe, contar-lhe a novidade que a coroa ia me proporcionar. Ela ficou muito feliz por mim, mas, ainda assim, pareceu-me triste como nunca. Tentei arrancar-lhe o que era sem sucesso. Na saída, encontrei nossa vizinha que acabou me dizendo que minha irmã tinha saído de casa para morar com Nilson, colega meu de rua que agora era membro importante do “movimento”.

Deixei um dinheiro com a minha mãe, disse-lhe que era dinheiro honesto, que trabalhava no trailer com a coroa e que ia levá-la para bem longe dali assim que eu me formasse. Pedi-lhe somente para não dar parte do dinheiro para a igreja.

Voltei para o centro do Rio, no ônibus São Gonçalo - Passeio. Embarquei no ponto inicial e ia saltar no ponto final. De lá, chegaria caminhando até a casa da coroa, onde eu morava. Um único ônibus ligando dois mundos tão diferentes.

Amanhecia quando finalmente consegui dormir. Sonhei que estava com a cara enfiada nos peitos da cartomante gostosa, só que agora eu já sabia o que fazer depois.

Aureliano Mailer escreveu.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Lixo À Beira Da Estrada - Cap 3

"A primeira coisa que o senhor precisa saber, é que amo o meu marido!" – disse-me a loura.
Evitei manifestar a impressão que a frase trouxe ao ambiente. Passei os dedos sobre o bigode. Era a preparação de um blefe.
Do outro lado da escrivaninha, ela me olhava buscando algum sinal.
Pedi-lhe que prosseguisse.
"Ele está ameaçando me deixar ... a mim e a nosso filho! "
"Como assim?", perguntei tentando incentivá-la.
Ela não caiu na isca.
"Ele diz que tem vergonha de mim! Eu constantemente me sinto humilhada! E nós nos dávamos tão bem..."
"E a traição que a senhora mencionou?", sabendo que ela acharia que eu estava me convencendo de seu relato.
"Ele...não tem me procurado, à noite."
Resolvi testá-la.
"Mas senhora, quem sabe uma terapia de casal... "
A resposta foi ríspida.
"Porque o senhor acha que eu entraria nesse prédio velho, ficaria sentada nesse escritório poeirento, na frente de um ... Desculpe-me, não preciso de terapia de casal, o senhor já deve saber que eu não vim aqui para isso."
Relaxei.
Ela se desarmara.

"Posso fumar? "
"Fique a vontade. "
Peguei o isqueiro de mesa, peça elegante e incomum que veio no pacote do aluguel, assim como quase tudo dali.
Acendi-lhe o cigarro.
Levantei-me, caminhei até a estante e trouxe-lhe o cinzeiro de cristal baccarat.
Percebi que estava sendo avaliado, conheço as mulheres e elas me deixam tenso.
Deixei que me visse de lado e de costas.
Sou alto, corro 4 a 5 vezes por semana, evito beber chopp em demasia.
Minha aparência, meu cartão de visita, sempre repito.

Perguntei se ela se incomodaria de eu fumar.
Fingindo indiferença, respondeu que não.
Fui até a janela para abri-la um pouco, afastei a cortina para o ar fresco, da tarde de inverno, entrar.
Sentei-me de volta, dei uma longa tragada.
O raio de sol cruzava o escritório e nele a poeira em suspensão subia e descia insinuante.
Olhei para a loura que estava menos tensa.
A bolsa já tinha sido colocada na cadeira ao lado.

"Engraçado, disse ela, há anos não fumo na frente do meu marido..."

Aureliano Mailer, escreveu.

Lixo à beira da estrada – Cap. 2

Sou mestiço social.

Minha mãe era da periferia, sempre foi pobre, morreu pobre. Era mãe solteira de minha irmã e de mim.
Meu pai morava em Ipanema, era de família rica, nasceu rico, morreu rico.

Minha mãe trabalhava na casa dos pais dele. Meu pai, quando engravidou minha mãe era casado, tinha 2 filhas pequenas. Minha mãe contava que meu pai não morava lá. Só ia à casa dos pais dele, nos fins de semana. Ainda assim, a engravidou. Naturalmente, não apoiou minha mãe quando a barriga dela cresceu demais. Deixou que fosse humilhada e expulsa de lá. E continuou casado, eu acho.

Com o tempo descobri que nessa miscigenação social ninguém nasce mulato. Ou nasce pobre ou nasce rico.

Eu fiquei em Itaúna, São Gonçalo.

Em outras palavras, eu fiquei no lado social da minha mãe.

Odeio ser chamado de mulato. Mulato é o caralho!

Ainda assim, tentei escapar.

Quando já era adolescente eu frequentava a Praia do Flamengo. Foi por lá que eu conheci uma coroa. Ela tinha um trailer com freguesia fiel, me deu boa vida e fui me ajeitando com ela. Com o tempo, me incentivou a fazer o vestibular, pagou uma faculdade de direito perto do Campo de Santana e em troca, lhe dei minha juventude. Nos divertíamos na rua quando casais de caretas nos olhavam com desaprovação. Eu a chamava de tia, tascava-lhe um beijão na boca e caíamos na gargalhada. E graças a ela, descobri meu destino.

Em uma tarde, de meio de semana, levou-me a um apê de sala e quarto de uma cartomante na Rua do Matoso, perto da Praça da Bandeira, a quem pagou para que fizesse meu mapa astral. Uma semana depois, voltei lá sozinho, depois de sair da faculdade. Nesse segundo encontro, descobri que ela não era cartomante, que meu ascendente era em Sagitário, que a mulher era bem mais gostosa que a minha coroa e que minha lua era em Aquário. Os odores de incenso e o perfume forte que ela tinha, eu nunca tinha sentido. Ela disse que minha vida ia mudar em breve e que eu era um sonhador. Passou a mão no meu rosto de um jeito estranho, disse-me que eu tinha cara de sonso. Ela tinha uma mão macia, grande e quente.

Disse-lhe que precisava voltar para o trailer, pois era sexta-feira e o fim de semana iam ser de trabalho. Perguntou-me onde ficava o trailer. Expliquei. Sorriu dizendo que não costumava freqüentar a praia do Flamengo, mas que talvez passasse por lá, só pra me ver. Fiquei em pé, junto à porta de saida, paguei-lhe o combinado e saí desgovernado.

Peguei o ônibus errado, cheguei tarde ao trailer, com a cabeça latejando e acreditando em cada palavra que ela tinha me falado. Minha vida ia mudar.

Passei a noite trabalhando e falando pouco, a coroa notou, quis saber o que era, disse-lhe que não era nada. Quando o movimento acabou recolhemos tudo, fechamos o trailer e fomos para casa dela, que ficava a uns 2 kms dali, perto dos Arcos. Como percebi a inquietação da coroa, para não dar bandeira, me aconcheguei a seu lado e transamos com sofreguidão. Passado um tempo, ela adormeceu e eu não.

Saí sem barulho do quarto e fui fumar no quintal. Passei a noite pensando em meu pai. E se ele me reconheceria como filho. Dali a 1 ano eu iria me formar e ele me arranjaria um emprego bom. Fumei mais um cigarro e fui me deitar.

O fim de semana seguiu normalmente, o gelo, a cerveja, os clientes antigos e novos, a preocupação com o calote, o “agrado” à fiscalização municipal, o cheiro de gordura, a água fria do mar, o esgoto a céu aberto, tudo tão perto de nós.

Em meio à muvuca de domingo, de repente senti a mão macia, grande e quente segurar meu braço. Virei-me, sabendo quem era. O sorriso dela estava ainda mais largo e generoso. Sorrindo, pediu-me uma cerveja com dois copos apontando para a mesa 3. Estava com uma amiga tão ou mais gostosa do que ela. Fui servi-las e percebi que falavam de mim. Disse-me para que eu passasse na casa dela na terça-feira seguinte, depois das 13:00. Jogaria Búzios para mim.

Perguntou-me quanto era. Pagou a cerveja na hora e me olhou de cima a baixo.
Gelei. Voltei para o trailer, conversei com a minha coroa qualquer coisa sem importância. Meu pau ficou duro, terrivelmente. Fui para trás do trailer, mexi no gelo, tentei me acalmar e assim que pude, voltei. Disfarçando, olhei em direção a mesa 3. Estava vazia com a cerveja ainda nos copos.

Fui até lá recolher os copos e a garrafa, buscando enxergá-las mesmo que a distância. Não as vi. Bebi a cerveja que restava no copo, enquanto as procurava. Nunca faço isso, mas aquela situação tinha me tirado do sério. Fui para trás do trailer. Enchi seu copo com o que restava na garrafa. Escolhi colocar minha boca sobre a marca de batom que ela havia deixado. Ainda alterado, fiz o mesmo com o copo da amiga.
Ela estava certa, minha vida ia mudar.

Aureliano Mailer escreveu.